Otoplastia na infância: vale a pena submeter a criança à uma cirurgia plástica?
A parte social da vida dos pequenos já é normalmente desafiadora, mas se tornou ainda mais complicada de lidar com o isolamento social. Muitas crianças, especialmente entre os 5 e 10 anos, passaram uma parte importante de seu desenvolvimento comunicativo em casa, o que pode complicar a convivência com os colegas de classe num ambiente de sala de aula, que retorna agora no segundo semestre.
Já bem conhecido, o bullying é um dos grandes problemas em escolas no mundo todo, principalmente nos dias de hoje com a grande influência das redes sociais. Infelizmente um dos focos de perseguição acaba sendo a estética, e aqueles que sofrem com a famosa ‘orelha de abano’, sempre acabam alvo de comentários e piadinhas pelos colegas.
“A maior parte dos meus pacientes, quando falamos da otoplastia que corrige as orelhas, compreende crianças e adolescentes, entre 6 e 15 anos,” comenta a cirurgiã plástica, Patricia Marques, especialista em cirurgias reparadoras de cabeça e pescoço.
A necessidade de corrigir a deformidade das orelhas, que de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica atinge cerca de 5% da população, não está conectada com o senso de estética da criança, mas sim aos efeitos do bullying durante os anos formativos, que pode levar a baixa autoestima, déficit no desempenho escolar e diversos problemas psicológicos que podem acompanhá-la até a vida adulta.
Pode ser assustador para muitos pais submeter um filho tão jovem à uma cirurgia, mas a especialista explica que o procedimento é pouco invasivo e simples de executar. “O que fazemos é realizar uma incisão atrás da orelha, onde ela se conecta com a cabeça, e retirar o excesso de pele e cartilagem que causa sua curvatura,” esclarece.
Além da melhor qualidade de vida, Marques também destaca que realizar a otoplastia na infância ou início da adolescência, garante uma recuperação mais rápida. “A cartilagem nessa idade é bem mais maleável e o organismo jovem produz células mais rapidamente, o que torna a cicatrização melhor do que em adultos.”
Fora isso, a cirurgiã explica que o procedimento é rápido, cerca de 1 a 2 horas, e no mesmo dia o paciente já pode ir para casa. “A parte mais complicada, que geralmente ouço dos pais, é manter a faixa de proteção que deve ser usada no pós-operatório durante o primeiro mês,” comenta.
A especialista explica que a orelha de abano é geralmente fácil de identificar, mas alerta que para ser considerada como um problema cirúrgico, ela deve ter mais de 2 centímetros de distância do crânio, e que um número menor que isso é um desvio que provavelmente se ajustará conforme a criança se desenvolve.
“Acredito que o importante é manter o diálogo sobre a situação com seu filho, e que ele esteja confortável com a correção,” explica Marques. “No final das contas, queremos apenas o bem-estar das crianças e que elas possam crescer da melhor maneira possível,” finaliza.