Cardiologista esclarece mitos e verdades sobre insuficiência cardíaca

“O consumo de sal e gordura são caminhos para a sepultura”. Essa rima, em tom descontraído, marcou a live “Alerta Máximo para IC [insuficiência cardíaca]”, promovida pelo Instituo Lado a Lado pela Vida (LAL), no último dia 7 de julho. De um jeito descomplicado para esclarecer e conscientizar, o evento trouxe o cardiologista Fernando Costa e a jornalista Andressa Somonini para comentar hábitos como a importância da prática de exercícios diários para auxiliar na saúde do coração, a interferência do álcool no seu funcionamento, os perigos de não seguir com rigor o tratamento prescrito pelo médico aos que já possuem comorbidades e os problemas acarretados pelo mau hábito alimentar.

A presidente do LAL, Marlene Oliveira, falou sobre o objetivo do evento. “A nossa ideia foi promover uma conversa para alertar a população sobre a insuficiência cardíaca (IC), mas que fosse leve e engajadora. E, para isso, convidamos o cardiologista membro do Comitê Científico do LAL e diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Fernando Costa, que de forma simples e descontraída esclareceu os mitos e verdades sobre a doença e os meios práticos de prevenção e cuidado”, disse.

Mediado pela editora da revista Pais e Filhos, a jornalista Andressa Simonini, o bate-papo esclareceu dúvidas e trouxe informações a respeito da IC como, por exemplo, que ela pode ser acarretada por problemas cardíacos já existentes ou por maus hábitos. Entre risos e brincadeiras, o cardiologista explicou os sintomas que as pessoas devem estar atentas no dia a dia e como é feito o diagnóstico. “A IC é diagnosticada a partir da observação do exame de eletrocardiograma e de sintomas como cansaço, falta de ar, palpitações e inchaço”, explicou o membro do comitê científico do LAL. De acordo com Costa, o ideal é que a internação seja evitada ao máximo. “A internação é um sinal do agravamento da doença e a diminuição da sobrevida”, disse. A IC é caracterizada pela dificuldade do coração em bombear o sangue para o corpo, impossibilitando o transporte do oxigênio para órgãos e tecidos. “Por isso, é também conhecida como a doença do coração fraco”, explicou o cardiologista.

A prática de exercícios foi prescrita como o segredo para manter um coração saudável e longe das doenças cardiovasculares, além de proporcionar o bem-estar, já que ela libera endorfina, o hormônio da felicidade. “Seria ótimo se houvesse endorfina em pílulas, mas como isso não é possível, temos que realizar atividades físicas. Se pararmos para calcular, o dia tem 1.440 minutos. Reservando apenas 40 minutos diários para realizar qualquer tipo de exercício já é suficiente para se manter saudável e mais feliz”, aconselhou.

Aos hipertensos e diabéticos, o alerta foi mais sério, já que as doenças crônicas podem causar lesões ao coração e agravar o quadro.  “O uso correto da medicação prescrita é essencial. Interromper o tratamento ou não seguir à risca as orientações médicas descompensam o coração e interferem no seu funcionamento. Não adiante controlar a pressão arterial uma semana e depois descuidar”. O uso de sal também foi enfatizado como um grande vilão da longevidade e o ideal é reduzir ao máximo o consumo. De acordo com Costa, há atualmente no Brasil mais de 40 mil pessoas com 100 anos e essa é uma realidade que tende a crescer. Tudo vai depender dos hábitos adquiridos para manter-se saudável.

Outro apelo foi ao consumo de gordura e controle do colesterol. O índice elevado das taxas lipídicas pode gerar aterosclerose, que é a obstrução as artérias, fator de risco para o infarto. “A ingestão de gordura saturada é muito perigosa, porque ela gera gordura abdominal e consequentemente complicações para o coração. Sei que a fita métrica é o terror para muitas pessoas, mas é necessário encará-la. Mulheres até 80 cm e homens 90 cm, estão fora do grupo de risco”, explicou Costa que atua na área hás mais de 40 anos.

A desigualdade social e o acesso ao sistema de saúde foram apontados como obstáculos para a prevenção da IC. “A construção de um mundo melhor, mais consciente passa pela implantação de políticas públicas. Elas são essenciais para que as formas de prevenção alcancem a todos e com isso diminuir a porcentagem de acometidos pela doença e aumento da qualidade de vida”, finalizou.

Mitos e Verdades

Um quadro da live comandado por Simonini foi o “Mitos e Verdades sobre a IC”. Foram selecionadas algumas perguntas e afirmações sobre a doença e apresentadas ao Dr. Fernando para dar seu o parecer. Os internautas também interagiram opinando sobre os questionamentos. Eis alguns deles:

– É mito ou verdade que só reduzir o carboidrato, a carne vermelha e sal já previne o surgimento de doenças do coração?

“É o começo de uma jornada. É preciso ver por quais alimentos estão sendo substituídos. O ideal é dividir um prato, preenchendo a metade com frutas, legumes e verduras. À outra metade, bom senso. Diminuir carne vermelha é bom, diminuir o carboidrato é bom, mas é importante saber quais alimentos são ricos em carboidratos, por exemplo.

– É mito ou verdade que o uso de álcool é prejudicial para o coração?

Verdade. O uso de álcool deve ser moderado. É necessário o equilíbrio no consumo. O ideal é não consumir mais que 30g de álcool por dia, que equivale a duas latas de cervejas ou três copos de chopp.

 – Os homens têm mais propensão a problemas cardiovasculares e as mulheres menos, porque são mais calmas e cuidadosas.

– A verdade é que a produção de hormônios femininos aumenta a produção do HDL (bom colesterol) e até diminui o LDL (colesterol ruim). Mas, no término da vida fértil, por volta dos 50 anos, a produção cai drasticamente. A proteção que havia diminui e ela passa a ter os mesmos riscos que os homens.

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