Espaço Brica Braque apresenta o monólogo Clareana, com Dani Moreno

Depois dos espetáculos Beethoven em Fá (para Menores) e 23 de setembro, transmitidos de forma online, o Espaço Cultural Brica Braque apresenta o monólogo Clareana, em encenação presencial nos dias 26 e 27 de junho, sábado e domingo, em duas sessões, às 16 e 19 horas. Os ingressos já estão à venda na Sympla e custam R$ 30,00. Texto e direção de Marcello Airoldi e interpretação de Dani Moreno. Escrito há cerca de oito anos, o texto de Clareana foi refeito especialmente para a interpretação da atriz. “Quando a Dani me convidou para escrever uma peça em que atuasse para esse projeto do Brica Braque com produção da Priscila Prade, imediatamente pensei em reescrever o texto. Adaptei a dramaturgia, não mais com dois personagens e sim na voz de uma só mulher – a mãe de uma criança que é abusada pelo próprio pai.”

Clareana é uma menina que se suicida diante da mãe por não conseguir lidar com o abuso cometido pelo pai. A narrativa percorre a trajetória desta mulher contando seu passado até o tempo presente, quando decide ter condições e forças para dividir a história de sua vida e o ocorrido depois do ato. O abuso é um dos temas fundamentais da peça, entretanto o autor e diretor observa ser outra a questão mobilizadora da trama. “É a vida que a mulher levou depois de ter descoberto a violência sexual do próprio marido contra a filha. O fato de conseguir reelaborar os acontecimentos, após tantos anos, e contar ao p&uacu te;blico, expectador e testemunha de seu relato.” Marcello Airoldi tirou a ideia para o texto de uma história real contada por um amigo há muitos anos. A partir de duas imagens potentes – a morte trágica de uma moça e um homem que se embriaga ao beber Coca Cola -, construiu a dramaturgia da obra.

Sobre a encenação

A trilha musical, criação de Dugg Mont, é formada por sons que auxiliam a plateia a se situar como parte integrante do inconsciente da personagem e vivenciando o estranhamento do relato denso apresentado para o público. Assinado por Karen Brusttolin, o figurino é simples e artesanal, uma camisola, e remete à intimidade, à vida pessoal da personagem, despida de vaidade. A iluminação de Cesar Pivetti se relaciona diretamente com a personagem, quase como uma parceira de cena. Não realista, o cenário minimalista, comporta uma cadeira e um plástico negro de grandes dimensões sobre o qual a atriz pisa, se enrola e se movimenta. Parte da sonoplastia é feita com o barulho do plástico. “É quase uma dança f eita pela atriz com este adereço gigante e de aspecto obscuro”, diz Marcello Airoldi, observando que se trata de metáfora do inconsciente da personagem. “Há muita simplicidade e eficácia cênica no cenário. Ele auxilia Dani a compor e elaborar de forma mais clara para a plateia os elementos narrativos dessa dramaturgia.”

Responsabilidade e identificação das mulheres

Aos 35 anos, Dani Moreno sabe o peso da responsabilidade de interpretar essa mãe que revela o motivo da filha ter se matado. A atriz pensava em fazer um monólogo só depois dos 50 anos. “Talvez, quem sabe, eu me sentisse preparada para contar uma história. Com o incentivo da Priscila, o texto e a direção do Marcelo Airoldi, não tinha como deixar esta oportunidade passar.” A atriz acredita que as mulheres, em geral, se identificam com este texto em algum momento. “A peça mexe com questões inerentes às mulheres em geral, a mulher na sociedade, a relação mãe e filha, mulher e homem, igreja; assuntos atuais que precisam ser abordados. Em algum grau toda mulher já sofreu algum tipo de abuso – sexual, moral ou psicológico. A mulher es tá muito vulnerável, infelizmente, mesmo hoje no século 21 a gente ainda precisa debater o tema.”

Dani conta que foi Priscila Prade quem deu o pontapé inicial do projeto. “A gente trabalha junto há quase dez anos. Ela é uma grande incentivadora do teatro. Mesmo no meio da pandemia, conseguiu aprovar vários projetos em editais e está apresentando em seu espaço. A realização deste projeto é da Priscila Prade”, diz Moreno, que terminou de gravar sua participação na novela Gênesis, da TV Record, com previsão de ir ao ar na primeira semana de julho.

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