Você sabe qual a pior dor que o ser humano é capaz de experimentar?
A dor é definida, pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. Você sabe qual a pior dor que o ser humano é capaz de experimentar?
A neuralgia do trigêmeo é a dor mais forte que um ser humano pode vivenciar. Trata-se de um quadro de dor associada a um nervo craniano, o trigêmeo, responsável pela sensibilidade facial. É assim chamado por ser constituído por três ramos:
- Oftálmico: Responsável pela sensibilidade da parte superior do rosto – acima dos olhos.
- Maxilar: Inerva a parte mediana do rosto – nariz e bochecha.
- Mandibular: Inerva região inferior do rosto – mandíbula e queixo.
Esta doença acomete principalmente indivíduos acima dos 50 anos, de ambos os sexos, atingindo de 4 a 5 pessoas a cada 100 mil. A sensação dolorosa, decorrente da neuralgia do trigêmeo, é extremamente intensa e se assemelha a choques de alta voltagem.
Os nervos que formam nosso organismo podem ser comparados, de uma maneira simplista, a fios elétricos. Assim como os fios, os nervos possuem uma “capa protetora”, que atua como isolante elétrico – a bainha de mielina. Em pacientes com neuralgia do trigêmeo há uma perda significativa desta proteção, ocasionando assim “choques” quando este nervo é comprimido por um vaso sanguíneo (80% dos casos) ou decorrente de alguma doença neurodegenerativa.
A dor intensa apresenta início súbito e curta duração, porém recorrentes inúmeras vezes ao dia. Pode ser desencadeada por ações comuns do cotidiano, como falar, mastigar ou escovar os dentes. Os intervalos sem manifestação dolorosa tornam-se cada vez menores, em contrapartida ocorre aumento da frequência e da intensidade.
É relatada por muitos pacientes como uma dor lancinante e incapacitante, levando-os muitas vezes, ao desespero. Comumente estes pacientes desenvolvem transtornos depressivos e/ou de ansiedade. Infelizmente, o número de pessoas que atentam contra a própria vida, em decorrência desta doença, é extremamente alto. Devido a isso é denominada “doença do suicídio”.
A primeira opção para o alívio das crises periódicas consiste na administração de drogas antiepiléticas. Quando o tratamento medicamentoso não é eficaz, o médico pode avaliar a opção da realização de procedimentos cirúrgicos, como descompressão neurovascular e rizotomia por alta frequência. Estes tratamentos visam à melhora na qualidade de vida do paciente, porém não são definitivos.
Isabel Christina Mignoni Homem – Professora da Estácio Curitiba