Conselhos de sabedoria para manter a felicidade no casamento
Com o Dia dos Namorados chegando, separamos um de nossos artigos do livro Cartas para Karen: Conselhos de um pai sobre como manter o amor no casamento, para inspirar casais de namorados, noivos e até mesmo recém casados sobre como crescer e ser feliz em meio aos desafios da vida a dois.
FELICIDADE É CRESCER
Minha querida Karen,
Muitos casais cometem o erro de pensar que quando dois dizem: “Aceito!”, significa: “Conseguimos!”. Eles presumem que pelo mero ato de subir os degraus da capela já saltaram as escadas para o sétimo céu.
Alguns sociólogos dizem que esta ideia se origina do encanto hollywoodiano de nossos filmes e programas de televisão. Outros culpam os romancistas. Ou seria culpa dos compositores de canções?
Neste momento, rastrear a fonte não é tão importante como compreender plenamente este fato: O casamento pode ser “feito no Céu” originalmente. Mas o negócio todo é mais como aqueles kits que vêm em partes a serem montadas. Será necessária uma cola aqui, lixar pontos ásperos ali, martelar um pouco agora, cobrir os riscos deste lado, aplainar um pouco do outro, entalhar um pedaço, envergar levemente esta seção, envernizar, afastar-se para uma análise frequente, tirar o pó, encerar, polir, até que finalmente você tenha algo belo e alegria perene.
Se você olhar na seção “H” de seu Dicionário Universitário Americano, você encontrará estas importantes palavras: “A felicidade resulta de… obtenção do que se considera ser bom… Contentamento é um tipo pacífico de felicidade em que se descansa sem desejos, mesmo que todos os desejos tenham sido atendidos”.
Estas palavras se aplicam até mesmo às melhores uniões. O casamento não transforma, repentinamente, pessoas imperfeitas em pessoas perfeitas. Todo ser humano tem algumas falhas. Esta afirmação arrebatadora, sinto informá-la, inclui Vincent, e você também.
Lidar com tais desafios é, em grande parte, uma questão de pensar com maturidade. Todos nós em algum passado remoto estivemos apaixonados pela “imagem onírica” daquilo que nosso amado perfeito seria um dia. Caso algum de vocês insista em apegar-se desmedidamente à sua fantasia, poderá estar se preparando para verdadeiras decepções.
Lembro-me de uma jovem noiva que voltou de sua lua de mel completamente decepcionada. Ela havia se casado com um homem muito mais velho. Todos nós pensávamos ter sido uma boa união considerando o conjunto específico de circunstâncias dos dois. Mas ela veio até mim consideravelmente abalada. Disse não ter conseguido se recuperar da primeira noite quando ele tirou seus dentes e os colocou em um copo na cômoda do hotel. Ele insistiu em deixar uma luz baixa enquanto faziam amor, mas aquelas dentaduras infernais olhando-a de soslaio de dentro do copo anularam por completo sua reação. Ela sabia que ele usava dentadura, mas nunca indagou o que ele fazia com ela à noite!
Graças a Deus, a maioria dos golpes cruéis que despedaçam nosso “par ideal” não são tão aberrantes. Mas eles virão. Então é importante que você desista “das coisas próprias de menina” (1 Coríntios 13:11), de tudo o que pode ter restado dos heróis fictícios de sua infância.
Caso se apegue muito firmemente, você poderá cometer dois erros sérios: (1) Desperdiçar uma boa quantidade de tempo e energia tentando transformar o seu amado em algo que ele nunca foi criado para ser; ou (2) Estar se concentrando demais no que ele não é a ponto de ficar cega para algumas das belas coisas que o fazem ser o que é.
Com quase todos que aprendemos a conhecer bem, descobrimos que certos defeitos são parte do preço que pagam por seus valores. Uma pessoa atraente não é na verdade uma coleção de partes avulsas, boas e ruins, espalhadas aleatoriamente. O que a torna atraente provavelmente é o modo como organiza essas partes.
O mesmo vale para a formação de um lar. Em um acordo matrimonial bem fundamentado, duas pessoas sábias tentam organizar suas partes em uma unidade que será boa para ambas. Ver o outro trabalhando nisto, ajudar um ao outro nessa conquista, é uma das dinâmicas do casamento em sua melhor expressão.
Então não deixe que o glamour lhe engane. Você mesma não é infalível e ficaria muito desconfortável se Vincent provasse ser a primeira exceção a esta regra — meninos têm defeitos e rapazes chegam incompletos ao casamento.
Olhe honestamente para as falhas dele. Olhe no espelho e veja suas próprias fraquezas. E depois, estude como vocês podem encaixar seus dois conjuntos de falhas em seus dois conjuntos de pontos fortes para criar a melhor mistura possível.
Quando você se casa, você se torna mais vulnerável à decepção e à mágoa do que jamais foi antes. Mas houve a decisão de que o risco vale a pena.
Você fez uma escolha sábia. Somente ao arriscar assim você pode se tornar qualificada para a aventura em que duas pessoas “transformam-se em uma”.
Tenho em meus arquivos uma redação anônima que é uma de nossas favoritas; foi escrita por um menino de dez anos chamado Tommy, para um trabalho escolar. Há uma palavra que se destaca num consolo corajoso diante do contexto da felicidade futura. Este é o seu tema: O que é o amor?
O amor é algo que faz duas pessoas acharem que são bonitas mesmo quando ninguém mais acha. Também as faz sentarem juntas em um banco mesmo quando tem muito espaço sobrando. É uma coisa que deixa duas pessoas muito quietas quando você está perto. E quando elas acham que você foi embora, falam de rosas e sonhos. Isso é tudo o que sei sobre amor até eu crescer!
Esperemos que ele seja um dos afortunados que aprendem que o amor fica mais delicado se você encontra alguém com quem pode compartilhar esta palavra-chave: Crescer!
Que bom para o Tommy! Bom também para Karen e Vincent, e todos nós, é ser confrontado com o desafio de trazer rosas e sonhos à realidade por trás de nossas portas.
Queremos acreditar que vocês dois são maduros para a idade que têm. Nunca nos esqueçamos de que a maturidade é, em parte, saber onde há necessidade de tornar-se mais maduro.
Nós já ouvimos você dizer: “Vincent e eu estamos extremamente apaixonados”. Quer o amor de vocês seja extremamente fantástico ou extremamente terrível, dependerá algumas vezes da palavra usada por Tommy: crescer!
No desejo de um amor maduro,
Papai.
Trecho de Cartas para Karen, págs. 25 a 29,
de Publicações Pão Diário.