Medicina Nuclear celebra o destaque que o tratamento do câncer de próstata ganhou em congresso internacional
O tratamento com PSMA-Lutécio177, que está disponível no Brasil desde 2019, pode ganhar destaque na comunidade global como principal tratamento para cerca de 80% dos pacientes com câncer de próstata avançado e será destaque no American Society of Clinical Oncology (ASCO).
O estudo “VISION de Fase III” com PSMA-Lutécio177 elevou o uso de tratamentos após apresentar resultados significativos na sobrevida dos pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração. A pesquisa será destaque no American Society of Clinical Oncology (ASCO), considerado o mais importante encontro mundial de Oncologia Clínica que, neste ano, acontecerá entre os dias 4 a 8 de junho. A inédita apresentação do trabalho científico de Medicina Nuclear acontecerá no dia 6.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), o médico nuclear Dr. George Filho, o momento é histórico para a especialidade. “Saímos de uma posição de coadjuvante, apesar do largo uso e comprovada eficácia da Medicina Nuclear, para a de protagonistas ao ter um trabalho científico da especialidade no ASCO 2021”, celebra. “Estamos falando de um tratamento que já está em uso, com resultados preliminares muito positivos e que agora ganha a chancela da comunidade global sobre os benefícios de tratamentos feitos com a Medicina Nuclear”, completa o representante da entidade.
O ensaio clínico obteve perfil de segurança consistente em ambos os desfechos primários de sobrevida geral e sobrevida livre de progressão radiográfica comprovados com dados relatados em estudos anteriores. A descoberta pode fazer com este tratamento ocupe lugar de destaque no manejo dos pacientes com câncer de próstata avançado.
O projeto
A terapia com PSMA-Lutécio177 combina um peptídeo que se liga a marcadores expressos por tumores e um isótopo radioativo, causando danos ao DNA, o que inibe o crescimento e a replicação do tumor. Esta abordagem terapêutica permite a distribuição direcionada de radiação ao tumor, enquanto limita os danos ao tecido normal circundante.
“Antes dos resultados positivos, quando médico oncologista se deparava com o câncer de próstata avançado, o mais indicado seria tratamento paliativo. Há mais de uma década, surgiram diversos tratamentos que vêm mostrando benefício na sobrevivência dessa população e a molécula radioativa PSMA-Lutécio177 entra como possibilidade terapêutica de grande peso nesse cenário. Já estamos oferecendo este tratamento nos pacientes brasileiros. Oncologistas clínicos estão tão entusiasmados quanto os médicos nucleares”, revela George Filho, presidente da SBMN.
Medicina nuclear e o câncer de próstata
O câncer de próstata é o tipo mais comum de câncer entre a população masculina, representando 29% dos diagnósticos da doença no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2021.
Uma das principais ferramentas da Medicina Nuclear para o diagnóstico do câncer de próstata é o exame PET/CT com PSMA, capaz de detectar a extensão da doença ou localizar os sítios de retorno quando a doença recidiva.
Com o ensaio Vision, que foi concluído nos EUA, a Medicina Nuclear ganha ainda mais holofote sobre a sua importância quanto aos tipos de exames e tratamentos para a melhoria da saúde de milhares de pessoas.