Bichectomia com segurança: Sociedade Bras. de Cirurgia Plástica elenca os cuidados necessários para esse tipo de cirurgia

Destinada a diminuir a projeção das bochechas, a bichectomia (procedimento cirúrgico para remoção da bola de Bichat – tecido adiposo localizado em uma camada profunda da face) tem se popularizado por meio das redes sociais e influência de celebridades. Contudo, paralelamente ao acesso facilitado, crescem também relatos de procedimentos mal sucedidos, como deformidades e até paralisia facial. Para orientar as pessoas interessadas nesse tipo de cirurgia, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) aponta as principais características desse tipo de procedimento e os cuidados necessários para sua realização com segurança e resultados satisfatórios.

O cirurgião plástico Dr. Marcelo Rodrigues da Cunha Araújo, regente do Capítulo de Face da SBCP, explica que a bichectomia é um procedimento relativamente antigo, cujas primeiras descrições datam da década de 1970. Segundo ele, na face, há dois tipos de gordura – a superficial e a profunda. A bichectomia consiste na retirada da camada mais profunda, a bola de Bichat. Com a evolução do conhecimento e da técnica, a cirurgia tornou-se mais acessível. “A bichectomia é um bom procedimento quando bem indicado a partir de criteriosa avaliação. Dentre os pacientes que me procuram com queixas relacionadas à região das bochechas, apenas 4% a 5% apresentam os parâmetros para a recomendação dessa cirurgia”, comenta. 

Além da finalidade estética, essa cirurgia pode ser bastante benéfica para pessoas que tendem a morder e lesionar a mucosa jugal (parte interna da bochecha) com frequência. O Dr. Marcelo indica que, para maior segurança, a pessoa interessada procure um cirurgião plástico para a extração da gordura correta e realize o procedimento em ambiente cirúrgico. A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) preconizam que o procedimento seja realizado exclusivamente por médicos, visto que demanda perícia profissional específica e possui potencial de complicações clínicas.

 

Precauções

A região da face onde se localiza a bola de Bichat é altamente vascularizada, inervada e com presença de ductos parotídeos (canais que possibilitam o trânsito da saliva das glândulas parótidas até a boca). Segundo o especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica a identificação da gordura correta e quantidade ideal a ser retirada são de fundamental importância para a harmonia do rosto. Em casos de extração excessiva ou de retirada de gorduras superficiais, a face do paciente pode apresentar alguma irregularidade ou depressão, sendo necessário um enxerto de gordura de outra parte do corpo para a devida correção.

O Dr. Marcelo Araújo destaca outros riscos passíveis de ocorrer quando o procedimento é realizado por profissional sem o conhecimento necessário e/ou em ambiente inadequado. “Ao acessar essa parte do rosto, é necessário muito cuidado para não lesionar algum nervo. Uma eventual cauterização nervosa poderia gerar paralisia facial, demandando três a seis meses para o completo restabelecimento dos movimentos do rosto. Um risco mais severo seria a cisão de um nervo. Isto provocaria uma paralisia facial permanente”.

Os ductos parotídeos e pequenos vasos e artérias faciais também carecem de cuidado. Em caso de rompimento, pode-se gerar acúmulo de saliva na boca e hematomas na face, respectivamente. A reparação desses tipos de lesões ocorre por meio cirúrgico.

 

Envelhecimento

O cirurgião plástico finaliza apontando que a retirada correta da bola de Bichat não afeta o envelhecimento natural. Segundo a literatura e sua experiência própria, esse tipo de gordura não é absorvido pelo corpo com o avanço dos anos. Deste modo, feito corretamente, o procedimento não impactaria as alterações normais da evolução das características da face.

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