Como a INTT resgatou o setor de produtos eróticos e realocou-o ao de bem-estar
Muito tem se falado sobre como a mudança no modo de consumo durante a pandemia atraiu empreendedores a investir pesado em alguns nichos do mercado, aumentando o faturamento dos setores e colocando-os em destaque. É o caso do mercado erótico com a proliferação das sex-techs e a difusão do conceito “sexual wellness”, ou, em português, bem-estar sexual.
Embora os atuais investimentos nesse setor tenham contribuído para a desmistificação do sexo, o caminho pelo qual as start-ups eróticas começaram a trilhar foi aberto por quem já havia detectado a importância do bem-estar sexual muito antes da pandemia.
Há quase 15 anos no mercado de produtos eróticos e sensuais, a INTT nasceu da visão da família Seitz de tirar os sex-toys da sombra da vulgaridade em que se encontravam e levá-los ao nível de produtos voltados ao bem-estar.
Em suas muitas incursões ao continente europeu, especificamente à Alemanha, de onde é originária, a família Seitz percebeu a popularidade do mercado de brinquedos eróticos na região, porém um detalhe lhes chamou a atenção logo de cara: as embalagens eram, na maioria das vezes, muito simples, com pouco apelo estético, remetendo mais à vulgaridade.
Como atuavam no ramo de embalagens, decidiram criar uma linha de cosméticos sensuais de qualidade superior e com embalagens sofisticadas e higiênicas. Nascia, assim, a INTT.
Diretora da INTT, e à frente dos negócios iniciados pela família, Stephanie Seitz encarou o desafio de realocar o mercado de produtos eróticos para o de bem-estar e cuidados por meio de uma “reeducação” do público através da apresentação estética. “Antigamente, todo e qualquer produto erótico, mesmo os cosméticos, eram vendidos em locais totalmente descaracterizados, com uma cortina preta na entrada, e quem entrava tinha a impressão de que estava fazendo algo ilegal. Sentimos que algo precisava ser feito a esse respeito.” – explica Stephanie.
Do início modesto, com géis comestíveis para sexo oral, com sabores típicos do Brasil, a uma imensa linha de cosméticos sensuais e vibradores com tecnologia de ponta da atualidade, a INTT expandiu seus negócios para Europa quando, em 2019, passou a fabricar seus produtos também em Portugal, de onde vende para países como Alemanha, Espanha e Rússia.
Surpreendida pela situação inédita da quarentena, em que as vendas caíram drasticamente, a INTT passou a produzir álcool em gel devido à escassez do produto no mercado e passou a doar parte de sua produção a instituições beneficentes, totalizando 4 mil unidades de frascos doados. No entanto, passada a fase mais crítica do primeiro lockdown, a empresa registrou um aumento de 40% nas vendas de vibradores e masturbadores. Outro dado interessante é que o número de mulheres que compraram vibradores da INTT na pandemia teve um aumento de 60%.
Além de toda a contribuição para a renovação do setor, com suas embalagens sofisticadas, cosméticos sensuais de primeira linha e brinquedos sexuais com tecnologia de ponta, a INTT levou o processo de “reeducação” de seu público a um nível muito superior ao abrirem seus canais de comunicação para auxiliar mulheres vítimas de abuso e violência. A empresa realiza palestras com psicólogas, indicam apoio jurídico e, com isso, já impactaram mais de 200 mulheres.
Não dá para negar a importância das sex-techs na movimentação da economia e como elas têm contribuído para chamar a atenção do público para um mercado que até pouco tempo nem sonhava em fazer parte das páginas de estatísticas econômicas dos grandes veículos de mídia. Entretanto, há de se reconhecer a grandeza de empresas como a INTT, que enxergou potencial em um setor desprezado pelos grandes investidores e fez dele um dos mais rentáveis da atualidade.