Desvendando o microbioma da pele

Esse tipo de expressão, em um primeiro momento, pode parecer um pouco estranha. Mas se associarmos ela a outro órgão, como o intestino, fica mais fácil de entender. A flora intestinal, como costuma ser conhecida, é composta por um conjunto de microrganismos – principalmente bactérias – que vivem nesse ambiente e desempenham diversas funções ao estarem em condições propícias para sua conservação, manutenção e multiplicação. Mas esse tipo de ecossistema não existe só no intestino. “Diversos órgãos do corpo humano possuem bactérias e fungos ‘do bem’ que compõem a microbiota dessas regiões, sendo a presença deles fundamental para o equilíbrio da saúde humana,” explica a dermatologista Luciana Garbelini.

Porém, falar sobre o microbioma da pele é algo recente. “O tema ecossistema cutâneo não era tão divulgado, principalmente fora do ambiente acadêmico. No entanto, esse olhar para a pele de uma forma mais micro e como isso pode impactar no todo, é importante para manter o seu equilíbrio. Por isso, torna-se um assunto interessante de ser abordado e que vem ganhando destaque”.

Mais proteção

Uma das principais funções da pele é ser a primeira barreira do organismo. É um dos órgãos mais expostos, estando em contato direto com o meio externo. Por isso, precisa de uma ‘ajuda extra’ para conseguir se manter saudável e desempenhar suas funções. “É aí que entra a flora cutânea, como uma capa de proteção para a pele – que já é o nosso obstáculo natural contra diversas ameaças”, lembra a especialista.

A médica conta que os organismos que vivem na epiderme encontram ali o ambiente adequado para se manterem, sem causar danos ao outro lado. Ao mesmo tempo em que essas bactérias ‘do bem’ conseguem promover um equilíbrio local, o que acaba favorecendo a região em que se encontram.

O desequilíbrio

As alterações dessa flora podem ser causadas por diferentes fatores. Hábitos alimentares e de vida podem influenciar nesse desequilíbrio, tais como sedentarismo, consumo de açúcares brancos e alimentos processados e período de sono reduzido.  “Mudanças nessa microbiota podem deixar a pele mais seca e sensível, e como consequência mais vulnerável. Inclusive, ficando propensa a desenvolver acne, dermatite atópica ou alergias e até psoríase.”

A pele é um órgão que somatiza e reflete bastante os desequilíbrios internos. Então, questões psicológicas e emocionais também são refletidas e acabam afetando a microbiota. “Por exemplo, secreções como oleosidade e suor podem passar por alterações por conta disso”, explica a médica.

Em adicional, itens de higiene que prometem alta limpeza acabam removendo essa proteção natural da pele, retirando em excesso às bactérias, fungos e a oleosidade que estão ali com a função de contribuir como mais uma barreira. “A partir dessa retirada, os organismos patogênicos se aproveitam de uma área desprotegida e se instalam. E se essas condições ‘ruins’ se mantêm, esses microrganismos nocivos acabam se proliferando e causando problemas.”

Como preservá-la?

Hidratar a pele é um dos caminhos para manter um ambiente adequado para os organismos ‘bons’ que vivem ali e a protegem. “Produtos com ativos prebióticos de uso utópico são muito interessantes exatamente por estimularem um ambiente mais rico para esses seres”, destaca doutora Luciana. Que ainda completa: “Consumimos probióticos para repor possíveis bactérias que estejam em falta no nosso organismo. Da mesma forma acontece com a pele. Além disso, é importante dar alimento para esses microrganismos, e produtos com ação prebiótica tem essa função.”

Manter hábitos saudáveis também contribui para preservar esse microbioma. “A prática regular de atividades físicas, o consumo adequado de água e uma alimentação equilibrada, assim como buscar ter um sono em dia são alguns exemplos que ajudam nesse processo”.

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