Perda de memória afeta 80% dos pacientes recuperados da Covid-19, aponta estudo

Diversas pesquisas tem demonstrado que o Covid-19 pode afetar o cérebro daqueles que contraem a doença. No entanto a ciência ainda busca elucidar os mecanismos pelos quais o sistema nervoso central torna-se alvo do vírus. Um exemplo é a perda de memória persistente em pacientes recuperados da doença, que vem intrigando os especialistas.

Um estudo realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), aponta que 80% dos pacientes recuperados de Covid-19 apresentaram disfunções cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração, problemas com compreensão ou entendimento e dificuldades com o julgamento e raciocínio.

Essas sequelas acontecem, segundo o estudo, porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio. A dessaturação vai direto para o cérebro e acomete o sistema nervoso central, afetando algumas funções.

Uma das sequelas da doença estudadas é o termo em inglês brain fog, conhecido como névoa cerebral. De acordo com a neurocirurgiã Danielle de Lara, que atua no Hospital Santa Isabel (Blumenau/SC), a névoa cerebral envolve perda da memória recente, dificuldade de concentração e de execução de tarefas habituais e lentidão de raciocínio. “Por ser uma doença nova na medicina, as sequelas e tratamentos estão sendo desvendadas de uma forma mais lenta. Essa neblina, por exemplo, pode estar ligada a diversos sintomas”, aponta a especialista.

Danielle ainda explica que na literatura científica, alguns cientistas e autores estão chamando a névoa cerebral como a síndrome inflamatória multissistêmica do adulto. “Trata-se de uma inflamação em diversos órgãos, incluindo o sistema nervoso central, provocada pelo vírus da Covid-19. Isso acarreta cansaço, falta de ar, dores pelo corpo e outras alterações cognitivas. Alguns pacientes tiveram ainda habilidades prejudicadas, problemas na execução de várias tarefas, mudanças comportamentais, emocionais e confusão mental”, explica a neurocirurgiã.

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