“O passado é uma roupa que não nos serve mais”: as novidades que a vida nos apresenta e a importância de olharmos para a nossa história com compreensão, coragem e determinação
Determinadas circunstâncias da vida nos obrigam a fazermos mudanças no âmbito familiar, conjugal, profissional, que nem sempre coincidem com nossos desejos e vontades. Diante disso, o que podemos fazer é aceitar essas mudanças e transformá-las em uma oportunidade de desenvolvimento e amadurecimento existencial. Para isso, precisamos olhar para o passado como um momento que realmente findou, aceitar a situação presente, e olhar com coragem e determinação para o futuro.
Contudo, sabemos que não é fácil passar por esse processo, pois sempre ficam algumas frustações decorrentes da perda que tivemos. Nesse caso, primeiro, precisamos encarar que as mudanças são necessárias e trazem a possibilidade de amadurecimento, ao nos tirar de nossa “zona de conforto” e nos colocar diante de novas vivências e desafios, que produzem em nós maior conhecimento e desenvolvimento de nossas capacidades e potencialidades, e permitem a superação de nossos limites. Reconhecer isso, auxilia na aceitação da nova realidade e na percepção das possibilidades que se abrem para nós, motivando-nos a seguirmos com firmeza na busca de novas aprendizagens e objetivos de vida.
Há ainda outro fator importante a ser considerado: o modo como olhamos e compreendemos o nosso passado. Podemos considerar os aspectos negativos, os erros, as falhas, as faltas que cometemos, apesar de sabermos que talvez não tivéssemos a maturidade e o conhecimento que temos hoje para agirmos de outro modo, mas também podemos direcionar o nosso olhar para os nossos acertos e os bons momentos que passamos, para as aprendizagens, conquistas, superações, para o amor e cuidado que oferecemos e recebemos. Esse posicionamento envolve um exercício de olhar sempre com amor, empatia e compreensão para o nosso passado.
Ao vislumbrarmos os aspectos positivos da nossa história, podemos “fazer as pazes” com o nosso passado e esperar o futuro com leveza e paz, apesar de todas as contradições e, com isso, nos permitir sentir, viver, amadurecer, ser feliz e cantar com toda força e alegria aquela música tão entoada da autoria do Lulu Santos: “[…] hoje o tempo voa amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir. Não há tempo que volte amor, vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir […]”.
Wallisten Garcia, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFPR, especialista em Terapia Familiar, doutorando em Educação pela UFPR e professor da Estácio Curitiba