Como a telemedicina ajudou no acesso à saúde durante a pandemia

Durante a pandemia, em que as pessoas tiveram mais receio de ir até ao hospital, a aplicação de teleconsultas teve um aumento exponencial e mostrou-se muito eficaz no trabalho de triagem, atendimento e acompanhamento de pacientes. Com ela, os médicos puderam ir, virtualmente, até a casa de cada paciente com segurança e eficácia em seu atendimento.

A Conexa Saúde, player de saúde digital e maior plataforma de telemedicina da América Latina, registrou, em 2020, o salto de 150 consultas para 200 mil, por mês. Só de atendimentos a pacientes com sintomas ou confirmações de infecção por coronavírus foram mais de 156 mil casos no ano. 

O cardiologista Eduardo Saad, que atende pacientes no Brasil e Estados Unidos, conta que foi pego pela pandemia quando estava fora do país e, portanto, ficou impedido de retornar durante um período para atender presencialmente seus pacientes no Brasil.

Especialista em arritmias cardíacas, ele considera o uso da plataforma de telemedicina muito adequada para sua especialidade, que já conta com outras tecnologias que possibilitam monitorizar o paciente a distância. “São dispositivos comprados na internet por US$ 80/90, que permitem ao paciente, por exemplo, fazer um eletrocardiograma durante uma teleconsulta e mandar para o médico”, afirma. Segundo ele, a união da telemedicina com dispositivos como esses fazem a consulta a distância ainda mais completa.

Pacientes em tratamentos oncológicos enfrentam um desafio adicional com a pandemia, a falta de atendimento ou monitoramento da sua saúde. A Sociedade Brasileira de Mastologia divulgou um alerta sobre a redução de 75% nos atendimentos de mulheres em tratamento, nos centros hospitalares atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas principais capitais do país. Para os pacientes oncológicos, cancelar consultas, exames e tratamento pode implicar em riscos.

Usuário da plataforma de telemedicina, o Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula, conseguiu manter os atendimentos de seus pacientes com todo cuidado e segurança, mesmo durante a pandemia. Foram mais mil atendimentos nas especialidades voltadas aos pacientes oncológicos.

Para o doutor Tiago Kenji Takahashi, diretor técnico do IOSP, a telemedicina oferece um grande apoio ao paciente oncológico, diminuindo a longa jornada de idas e vindas para consultas. “Com ela, conseguimos fazer uma avaliação para readequar e acertar o que precisa ser definido para que o tratamento siga da melhor forma”, avalia.

Cerca de 30% da carteira de vidas da Conexa Saúde são de pessoas com idade acima de 65 anos. Isso representa um total de 1,2 milhão de pessoas que têm a sua disposição a possibilidade de usufruir de uma teleconsulta.

Usuária da plataforma, a médica geriatra do Hospital Santa Paula, Maristela Soubihe, atende em seu consultório pacientes entre 50 e 99 anos e avalia que a teleconsulta, diferentemente do que muitos podem pensar, contribui para aproximar ainda mais médico e paciente. “Eu fico mais disponível em termos de horários e tenho contato mais vezes com meu paciente, o que em geriatria é de extrema importância. Também posso atender situações de urgência de maneira mais rápida e segura se estou fora do consultório”, afirma.

Apoio nas escolas

A retomada às aulas presenciais ainda gera receios e dúvidas por parte dos pais, alunos, instituições de ensino e governantes. Para dar apoio e orientação, o Hospital Infantil Sabará e a Conexa Saúde firmaram parceria para oferecer atendimento médico por telemedicina em unidades escolares.

O Sabará desenvolveu um protocolo de segurança para a volta das aulas presenciais. Além de destacar ações mais comuns como prevenção da entrada de sintomáticos na escola, o distanciamento físico e rígidos processos de limpeza e desinfecção ambiental, também inclui o uso da telemedicina para acompanhamento e orientação de professores, alunos e pais.

O objetivo é criar um canal virtual entre escolas e médicos. Por meio da plataforma de telemedicina é possível realizar atendimento aos alunos, professores e profissionais, auxiliando na condução dos casos suspeitos de Covid-19, minimizando os riscos de contaminação e transmissão.

 

Acessos remotos 

O atendimento por telemedicina conseguiu chegar a lugares mais longes e de difícil acesso. Um exemplo é o programa lançado em setembro passado, que leva atendimento médico remoto até a aldeia Boa Vista, localizada na Área Indígena Juruna no município de Vitória do Xingu, sudoeste do Pará. Em uma base montada dentro da aldeia, com a instalação de uma antena de internet e um notebook, estão sendo realizadas consultas virtuais voltadas a prevenção e saúde de cerca de 40 indígenas que vivem no local.

Também foi desenvolvido um programa voltado ao atendimento médico para presos no Rio de Janeiro. Os agentes de saúde selecionam os internos que precisam de ajuda médica, e agendam a consulta online.

Mais de 90% das pessoas que vão ao Pronto Socorro não precisariam ir 

Além de todo potencial de trazer equidade entre médicos e pacientes, a saúde digital pode resolver um dos problemas mais comuns nos hospitais – as idas ao pronto-socorro. Mais de 90% das pessoas que vão ao Pronto Socorro não precisariam ir, já que é um lugar para atendimentos de alta complexidade e para pessoas em situação de alto risco (como derrames, enfartos ou fraturas). Os demais atendimentos poderiam ser realizados por clínicos ou especialistas em outras situações mais seguras ou remotamente.

A teleconsulta, por exemplo, vem exatamente para facilitar esse procedimento. Dados comprovam que cerca de 80% das consultas realizadas por meio de plataformas tecnológicas, o paciente tem sua causa resolvida na primeira avaliação, entre 10 e 15% são direcionados para um atendimento com um especialista e apenas 5% encaminhados ao Pronto Socorro.

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