Funcionamento do mundo

Para ler ouvindo: Atômico, platônico – Vanusa

Meu adorado escritor, Luis Fernando Verissimo, cantou a bola há algum tempo: ninguém é responsável pelo funcionamento do mundo. Segundo ele nos lembra, nenhum de nós precisa acordar cedo para acender as caldeiras e checar se a Terra está girando em torno do seu próprio eixo na velocidade apropriada e em torno do Sol garantindo a correta sucessão das estações.

O que o escritor chama de “síndico”, dizem estar aqui entre nós garantindo a administração do prédio, mas não o vemos e muito menos pagamos taxa de manutenção (alguns pagam, mas não sei se necessariamente vêem o retorno em obras/milagres). Estamos nessa há o quê? Dois milhões de anos? Dois mil anos? Que seja! Como bem nos lembra Verissimo, os serviços básicos estão sendo oferecidos indiscriminadamente. O que tem acontecido é um problema sério de distribuição.

Agora, já imaginaram se até manter a Terra na sua órbita e nos seus horários fosse tarefa da humanidade? Conhecida por sua tendência ao exagero, desleixo e improvisação? Não gosto nem de imaginar. Como mãe de criança pequena então, automaticamente nasceu um tufo de cabelos brancos aqui na minha franja. Se por um lado não garantimos muita coisa, no quesito poder destrutivo somos praticamente imbatíveis.

Exploramos e enfrentamos a natureza com a mesma facilidade que escovamos os dentes pela manhã – e a mesma preguiça também. Alguém, em sã consciência, acredita mesmo que esse modus operandi diante de algo tão imponente e grandioso poderia resultar em coisa boa?  Até resultou, criamos a ciência, estudamos  e evoluímos anos-luz. Exaltamos a pesquisa e premiamos os especialistas. Pena que hoje em dia o único lapso de sanidade que nos resta vem sendo perseguido, atacado e colocado sob suspeita na forma de memes lacradores, tirinhas questionáveis e informações de fontes absolutamente duvidosas que me deixam em Pânico (entendedores entenderão).

Voltando ao condomínio, já considerado luxuoso um dia, ele foi invadido por seres tipo gremlins que ao primeiro pingo de água na cachola promoveram um verdadeiro pandemônio na área comum. A distribuição dos benefícios está claramente mais abundante em determinados andares do edifício em detrimento da martirização de outros. Seria incompetência administrativa? Não sou eu quem pergunta, mas o mestre da crônica social citado no começo do texto. De quem? Acrescento. Estamos diante de uma epidemia de charlatões, a sua maioria utilizando um perfil social para se promover.

Desconfio que a inteligência, tão amplamente cultuada noutras épocas, foi nos dada como um dom, mas infelizmente a galera que chegou primeiro a utilizou da pior forma e vem garantindo um legado que hoje me soa próximo ao da catástrofe. Mas, e se ao invés de Salvador e Juízo Final fosse a imobiliária que chegasse com a vistoria de início nas mãos cobrando que todas as alterações realizadas e qualquer dano na estrutura deveriam ser contabilizados e consertados? Aí sim teríamos que criar muito meme pra rir diante da desgraça que será dar conta de tamanha balbúrdia.

Como diria Charles Darwin tupiniquim: “se não quiser se vacinar, não precisa”. O porteiro não vai barrar a entrada.

Até a próxima!

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