Exame simples e rotineiro, mapeamento de retina é fundamental para diagnóstico precoce de tumores e malformações oculares em bebês
Segundo dados da Sociedade do INCA (Instituto Nacional do Câncer, o retinoblastoma é um câncer considerado próprio das crianças e acomete uma a cada 15 mil crianças, a maioria antes de quatro anos de idade. Quando diagnosticado precocemente, a chance de cura é de 90%. No entanto, no Brasil, cerca de 50% dos casos ainda são diagnosticados tardiamente.
Para alterar esse cenário, o Centro Infantil Boldrini, hospital filantrópico infantil que é referência na América Latina no tratamento onco-hematológico, alerta que é preciso trabalhar para a conscientização da população sobre o assunto.
Hoje, muitos pais ainda desconhecem a necessidade de realização do exame de mapeamento de rotina em bebês. O exame, que é simples, é fundamental para o diagnóstico precoce de malformações e tumores oculares.
“Nosso desafio, como profissionais da saúde, é trabalhar para que seja criada essa cultura médica de realização dos exames oftalmológicos em bebês, antes da ocorrência dos sintomas. O trabalho dos pediatras nesse cenário é fundamental para disseminar essa informação. Os bebês devem ser encaminhados ao oftalmologista para os exames do fundo do olho rotineiros aos 4 e 15 meses, mesmo sem suspeita ou constatação de sintomas”, avalia Dra. Maristela Palazzi, oftalmologista responsável pelo programa de diagnóstico precoce de malformações e tumores oculares em crianças nascidas em Campinas, realizado no Boldrini.
A médica ressalta, ainda, que o exame de fundo de olho é diferente do teste do olhinho tradicional e já popular no Brasil, realizado pelos próprios pediatras. “O teste do olhinho detecta distúrbios de opacidade na visão do bebê por meio de um reflexo vermelho, mas não identifica patologias do fundo do olho associados à retina – área responsável pela formação de imagens, de onde o nervo óptico capta informações. Com o exame específico, por sua vez, podemos detectar tumores embrionários de até 0,5mm”.
Outros exemplos de doenças não detectadas pelo teste convencional do olhinho são hemorragias, toxoplasmose e catarata congênita. A simples avaliação feita pelo exame do olhinho não identifica cerca de 20 doenças, e isso se dá porque a luz avermelhada não chega às profundidades para encontrar mudança.
Apesar dos avanços da medicina nos tratamentos, o diagnóstico precoce ainda é o meio mais poderoso para a cura dos tumores e redução das sequelas relacionadas à visão. “Chegar a um diagnóstico precoce, entretanto, ainda é um grande desafio no Brasil. Em nosso país, o tempo médio entre os primeiros sintomas e o diagnóstico do retinoblastoma é de 6 meses”, aponta Dra. Maristela.