As metamorfoses da vida
Influenciados por uma sociedade pragmática e imediatista, em muitas situações, queremos resultados rápidos e práticos em nossos projetos pessoais, profissionais e nas nossas relações humanas. Almejamos o sucesso, inúmeras conquistas, mas nem sempre refletimos que, para atingirmos esses propósitos, temos que passar por um processo, às vezes árduo e demorado, mas muito necessário.
O processo de transformação da lagarta em borboleta é uma bela metáfora desse pressuposto. A lagarta, na fase de pupa, depois de várias mudanças de pele, constrói um casulo onde fica em estado de total repouso por um período que varia de uma semana a um mês. É nessa fase que ocorrem grandes mudanças, e, quando a borboleta está pronta, ela rompe o casulo e libera as suas asas. Desse modo, para chegar a sua forma final e ideal ela precisa passar por esse processo, o que leva um tempo, caso contrário não se tornará a borboleta que cabe a ela ser.
Na ânsia de chegarmos ao resultado final dos nossos projetos de vida, nem sempre valorizamos o processo pelo qual passamos para chegarmos a esse fim. Porém, é no processo que ocorrem as verdadeiras transformações, e é dele que extraímos toda a aprendizagem necessária para o nosso amadurecimento. Nossa frustração por não atingirmos o que queremos, ou não repetirmos os melhores resultados, resulta, muitas vezes, da pouca atenção ou da desvalorização que damos ao processo.
No campo profissional, por exemplo, queremos ter sucesso, mas não entendemos que isso é um processo demorado que exige a superação de nossos limites e a exploração de nossos potenciais.
Na área pessoal, ao não respeitarmos o nosso tempo de mudança, impomos a nós mesmos altos níveis de exigências e cobranças, que podem nos levar ao sofrimento e ao sentimento de fracasso. Projetamos essa avidez em nossas relações, queremos que o outro esteja ao nosso lado, siga os nossos ritmos, mas não lembramos que eles também têm seu processo e seus projetos. Temos a falsa ideia de que o processo, que sempre gera mudanças, é simples e indolor, até mesmo insignificante. Esquecemos que se não vivenciarmos esse processo, não saberemos extrair dele os melhores resultados. A beleza e o sabor da conquista estão no processo. Mesmo quando não “chegamos lá”, podemos perceber o quanto o processo foi importante e nos fez amadurecer.
Nesse caso, a sensação é de que o tempo não foi perdido, de que valeu a pena e que estaremos fortalecidos para o que virá a seguir. A reflexão sobre o processo nos ensina, oferece segurança, e nós ajuda a fazermos escolhas mais assertivas e positivas.
Assim, vamos aprender a olhar para o processo, o resultado final será consequência dele. Talvez esse resultado não seja aquilo que esperávamos, mas ao analisarmos o processo pelo qual passamos, veremos o quanto ele foi transformador, formador, fortalecedor, e o quanto ele nos deu “asas para voar”, tal qual a borboleta!
Wallisten Garcia, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFPR, especialista em Terapia Familiar, doutorando em Educação pela UFPR e professor da Estácio Curitiba.