Ser feliz dá trabalho…
Inspirada pela chuva de carinho que tenho recebido desde que convidei vocês para entrarem na minha casa, tirarem seus sapatos e sentarem-se confortavelmente na minha sala de estar, percebi que tem muito mais gente como a gente por aí. Eu recebi tanto carinho, juro, que eu ainda não consegui responder a todo mundo, e eu só peço a vocês: NÃO PAREM!
Porque assim a gente cria aquele círculo bacana: eu dou, vocês me entregam, eu retribuo e sigo ajudando pessoas que também gostariam de dizer o que eu disse ou que se viram representadas. Obrigada, pessoal, vocês são sensacionais.
Mostrar nossas vulnerabilidades pode ser revolucionário e tem poder de mudar a vida de alguém
, e se eu consegui que você se visse ali ou aqui, nossa, que ganho incrível!
Dia desses, passei por uma sessão de constelação com a Ana, da Consonare, e colunista aqui do nosso cantinho, no Energize-se!
Se eu puder te dar um conselho: faça! Cada um é cada um, e o que acontece lá, fica lá, mas se eu posso dizer algo é: A gente carrega muitas bagagens que não são nossas, a gente vai catando lixos por aí, a gente vai engolindo sapo, mas chega uma hora que não dá mais, e esses sapos nos sufocam, ficam entalados, a gente fica imersa no lixo alheio.
Acredito que esse foi o primeiro passo da mudança que eu propus a fazer por mim mesma. Eu decidi tentar mais uma vez depois de já ter decidido que iria me abandonar e estava procurando formas para fazer isso.
A gente vive calando as tristezas e frustrações, as decepções, mas no fundo, é tudo sombra de árvore alheia.
A gente se enche de si e diz que o que os outros fazem ou pensam a nosso respeito não nos afeta. A quem nós estamos querendo enganar? A gente vive sim querendo ser amada, ser aceita, ser perfeita para caber no sonho do outro, nunca no nosso… E por isso, a gente se conforma com o meio amor, e sim, somos metade… A gente se anula porque quer que a mãe aceite, para agradar a família que quer que você curse medicina, porque ter um “doutor” na família dá status. Pra quem?
A gente aceita o que nos dizem, engole cactos, engole em seco, porque afinal, o problema está na gente mesmo. Entre ser feliz e ter razão, você escolhe ser feliz, mas fica com o nó na garganta.
Meu conselho: Não acumule aquilo que não é pra você, não aceite, não junte o lixo alheio. Você não é responsável pelo que te dizem, você é responsável pelo que você entrega, porque isso contribui para ser quem você é, e isso já dá um trabalhão danado! Você poderá, eventualmente, se sujar, óbvio, mas não se apegue ao lixo que te jogam…
Faça ouvido de mercador, não colha flores podres.
Você é responsável pelo que entrega. Se alguém não está entregando aquilo que você esperava, simplesmente, não junte! Você não precisa.
E todas as vezes que eu sinto que me arremessam lixo, independente de quem seja, eu digo para mim mesma: o outro não tem poder sobre como eu me sinto. O outro não determina quem eu sou.
E mais, quando isso acontece, eu volto a um lugar confortável no meu passado, onde eu me sentia segura.
Era uma noite fria de inverno, o ano devia ser 1985, eu tinha 4 anos, e a minha família morava em uma casa alugada ao lado do terreno em que construíamos a nossa casa durante esse período. Era um domingo, por volta das 20h, e enquanto meu pai estava deitado no sofá vendo TV, minha mãe estava na cozinha preparando o jantar, eu ficava jogando para o meu pai, como se fosse vôlei, uma bexiga de uma festa de aniversário de uma vizinha de onde eu acabara de chegar. A bexiga era cor de rosa, eu trajava uma calça listrada de branco e vermelho e uma blusa de lã vermelha, porque sim, desde pequena, discreta. Ali é o meu lugar seguro, e eu vejo o movimento da bexiga, lentamente, e isso me acalma… Porque com meu pai, e lentamente, as coisas voltam para o lugar.
Ser feliz dá trabalho.
E você, qual é o seu lugar seguro? Me conta!
Até semana que vem e obrigada por ter lido até aqui!