Solidão e solitude: você sabe a diferença?
Muitas pessoas têm medo de ficar sozinhas… ou seria solitárias? Há uma grande diferença entre solidão e solitude. Vamos primeiro às definições de significado, que já são esclarecedoras.
Solidão é o estado de quem se sente desacompanhado ou só. Já solitude é o estado de privacidade do indivíduo, não sendo exatamente estado de solidão. Pode representar o isolamento, mas não necessariamente associado ao sofrimento.
Agora com a pandemia, muitos estão isolados de forma compulsória, concorda? O que diferencia o olhar das pessoas sobre esse momento é seu estado interior. É olhar o copo meio cheio ou meio vazio.
Mas não só isso. Como venho das Terapias Integrativas, por meio da Consonare, é impossível dissociar o olhar sistêmico sobre solidão e solitude.
Carregamos genes (e solidão) de até 7 gerações
Nossos antepassados viveram muitos momentos de tristeza e solidão. Dia desses fiz a Constelação Familiar de uma pessoa que dizia serem os avós paternos italianos alegres, porque cantavam e dançavam “tarantela”. Aí eu perguntei: isso era felicidade ou era obter um modo criativo de espantar a solidão, a distância da terra natal?
Por isso, quando vivenciamos situações que nos remetem aos ancestrais, e carregamos os genes de até sete gerações (pense!), é comum sentir uma certa melancolia, tristeza profunda e até solidão.
E note que a solidão não está associada a apenas estarmos sozinhos. É possível ser solitário em meio à multidão. Muitas poses nas redes sociais escondem a solidão das pessoas. As máscaras sociais que utilizamos todos os dias camuflam nosso estado interior se não temos a coragem de olhar para nós mesmos.
Nós sem os filtros do Instagram
É justamente aí que as Terapias Integrativas nos ajudam. Elas descortinam nossa realidade como ela é, sem filtros do Instagram. A gente passa a se enxergar como somos. Eu, por exemplo, no momento em que escrevo esse texto preciso ir no fundo da minha alma, acessar a minha própria solidão. Para isso, coloquei Ave Maria e até cheguei a chorar. É a solidão se fazendo presente. E ela nunca deve ser excluída das nossas vidas. Ela nos pertence.
Agora, o tempo em que deixamos que a solidão se acomode no nosso coração é que faz a diferença se vamos continuar nessa vibe ou DECIDIMOS ir para uma frequência mais elevada. No livro Picos e Vales, de Spencer Johnson, o autor dá a sua receita: “O caminho para fora do vale surge quando você decide ver as coisas de outra forma. Podemos transformar nosso vale num pico quando identificamos e tiramos proveito do bem oculto nos momentos ruins.”
Crie a própria visão do seu futuro pico
Ele também dá a deixa para abandonarmos nosso vale, ou nossa solidão. Diz ele: a melhor forma de atravessar um vale é criando e seguindo a própria visão sensível. Como sensível quero dizer a visão de um futuro pico sobre o qual você deseja estar e que faça sentido para você. Algo tão formidável quanto você seja capaz de imaginar, mas que também seja realista e atingível, se desejar com bastante força. E sensível também significa que será capaz de tornar o que imagina mais real para si mesmo quando aplicar os cinco sentidos numa imagem com detalhes tão verossímeis e específicos que começará a se dar conta de que é possível concretizar aquilo.
Sabe o que isso quer dizer? Podemos criar nosso pico quando estamos no vale. Se você está sozinho, querendo um novo companheiro ou companheira, feche os olhos 15 minutos por dia (ou até mais!) e visualize como será essa pessoa. Alta? Magra? Morena? Loira? Ruiva? Sinta o perfume que estará usando. A cor dos cabelos, o som da sua gargalhada, a textura da pele quando você a cumprimentar.
E sabe por que isso? Quando usamos todos os nossos sentidos estamos cocriando nossa realidade pelo que a Física Quântica aponta como sendo o campo das infinitas possibilidades. Mas é preciso crer, ou seja, nem por um segundo duvidar da sua visão de futuro, o seu pico.
E a solitude?
Já a solitude é um momento só seu. É quando você se apodera de você mesmo, do seu amor próprio. E passa a gostar da sua própria companhia. A fazer escolhas que lhe fazem bem. A programar aquele barzinho com você mesmo, sim, em sua companhia.
Se o julgamento vem à mente quando estamos almoçando sem companhia? Sim, ele nos assalta por alguns segundos. E até uma ponta de vitimismo aparece, do tipo “coitadinha de mim, estou sozinha, sem ninguém, abandonada”.
Ao “pescar” esse pensamento no ar, delete imediatamente. São aquelas vozes do inconsciente que já tratamos neste artigo aqui sobre pensamentos, sentimentos e ações para criar nosso mundo.
Eu diria que a solitude é um estado de graça, quando estamos tão conscientes de quem somos que não mais vamos buscar a companhia do outro para preencher um buraco nosso, feito em tenra idade, quando não tínhamos os aparatos do adulto para compreender as situações.
O adulto presente em nós acalma a criança interior e diz: “agora sou adulto, tudo que você viveu teve uma razão. Mas agora eu cuido de você. Fique tranquila”. E, assim, o adulto que somos fica mais confortável. E pode seguir a sua solitude.
E você: decide pela solidão ou pela solitude?
Um abraço e até semana que vem!