Como não me importar com o que os outros pensam de mim e me libertar da necessidade de agradar?

Muito bem, o assunto de hoje é: “Como não me importar com o que os outros pensam de mim e me libertar da necessidade de agradar?”.

Vamos dar continuidade à lição anterior e aprofundar ainda mais a nossa percepção sobre o tema.

Falamos sobre amor-próprio e aceitação. Lembramos que você é o resultado de todas as suas experiências, de suas personalidades e escolhas que fazem você ser exatamente como é neste momento, perfeito e perfeita como é. E, ao mesmo tempo, sempre em transformação, podendo ser cada vez melhor.

Porém, ser melhor não significa ser melhor que os outros. Significa, simplesmente, viver com mais harmonia, ser feliz, apreciar cada momento, fazer o bem, contribuir com as pessoas ao seu redor.

Existem alguns preceitos no Budismo. Um deles diz:

Não se eleve rebaixando os outros. Não se rebaixe, elevando os outros. E nem se iguale. Cada um de nós é único.

Essas comparações não são benéficas, nem para você, nem para o outro. Quem é o outro do qual você fala? Ele está fora de você ou vive também em você? Quem é outro, se não um aspecto de você mesmo?

Há fases na vida em que nos importamos muito com o que os outros pensam de nós e julgamos seus comportamentos. Achamos que os outros nos fazem mal. Queremos que as pessoas sejam coerentes, mas de acordo com os nossos princípios. Ao mesmo tempo que julgamos, desejamos que nos acolham e nos entendam, sem nos julgar.

São fases da vida.
Elas passam.

Nossa memória é seletiva, então o que hoje é muito importante para você um dia poderá ser uma vaga memória. Talvez você se esqueça da forma como esta ou aquela pessoa pensa de você.

O que não vai esquecer é o que você pensa de você.

Responda: você se observa em profundidade? Conhece as profundezas de seu ser? Você é coerente com seus princípios, mesmo quando ninguém está por perto?

Nós estamos sempre mudando. Você está mudando e imaginamos que deseje mudar para melhor. Muitas vezes, neste processo de crescimento, o olhar e a crítica do outro podem nos ajudar porque nos mostram as nossas incoerências.

As pessoas querem saber como aprender a conviver com quem nos faz mal sem precisar nos afastar.

O que é fazer mal?

De que forma uma pessoa faz mal para você? O que ela provoca? Quais emoções, quais sentimentos?

É ela que provoca ou você tem esses sentimentos em você?

As pessoas podem ser gatilhos para as nossas reações, mas o que sentimos e pensamos estão sempre dentro de nós. É preciso muita coragem para assumir a responsabilidade pelo nosso estado emocional, sem apontar culpados do lado de fora.

Você pode transformar a pessoa “difícil”, as críticas e a opinião dos outros em seus mestres. Espere a raiva passar. Observe seus sentimentos. Perceba que eles existem. Você não deve ser controlado por ninguém. Não permita que ninguém provoque suas emoções e sentimentos.

Imagine que possa ser verdadeiramente capaz de dizer a si mesmo: “Nossa, você provoca coisas tão ruins em mim! Que maravilha!”.

No momento em que pensa isso, você consegue tirar o poder do outro. Você está livre das garras desta pessoa ou situação que, de alguma forma, estão controlando você.

Parece libertador, não é mesmo?
E é possível, acredite.

Observe em profundidade para se libertar deste universo de tanta falação e acessar níveis de compreensão mais clara da realidade.

Você sabe por que nos preocupamos tanto com o que os outros estão fazendo? Por que desejamos falar do outro e não olhamos para nós mesmos?

Além de deixar de ser controlado pelos outros, é importante reconhecer nossos julgamentos e identificar onde surgem. Temos medo de identificar em nós aquilo que encontramos no outro?

Falar dos outros é um vício comportamental, falando bem ou falando mal. Temos esse hábito que é diariamente reforçado pela televisão, pelos vídeos, pela imprensa. Estamos sempre falando de alguém, mas dificilmente falamos de nós mesmos.

Há um outro preceito do Budismo que diz:

“Não fale dos erros e faltas alheios.”

Não falar significa não comentar e não pensar.

Falar dos outros não faz bem para você.

Você é capaz de ver a beleza da vida em cada criatura? De perceber as coisas benéficas que cada ser pode oferecer?

Uma coisa é fato: é melhor ser capaz de compreender os outros que esperar que eles nos compreendam.

Com as práticas meditativas, ou simplesmente exercitando a atenção plena, você pode observar em profundidade sua mente: como ela está funcionando?

Está falando dos outros? Reclamando da vida e do mundo? Está se lamentando?

Será que você é capaz de cessar sua lamentação e escolher o processo mental que deseja cultivar daqui para frente? Esta é a nossa prática, a base de todos os ensinamentos.

Muitas pessoas se incomodam com a crítica, a dúvida e a opinião do outro porque não estão convictas de sua própria verdade. Então, perceber o que acontece dentro de nós quando o outro nos incomoda é o primeiro passo para se libertar.

Pense: “Só consigo estar em paz com minhas decisões, opiniões e escolhas se tenho certeza delas”. Caso contrário, fatalmente seremos influenciado por outras pessoas. Por isso, se você ainda não tem certeza, não decida.

Este é um princípio que vem do Taoísmo:

“In doubt, don’t.”
Isso significa: “Na dúvida, não”.

Se você tem dúvida sobre o que vai fazer, não faça. Aguarde até que esteja realmente convencido ou convencida.

Para isso, os questionamentos e críticas dos outros mais uma vez podem se tornar seus mestres. Isto porque para convencer o outro precisamos estar internamente convencidos.

Quando escolhemos uma coisa, deixamos outra de lado. O nosso livre-arbítrio é ao mesmo tempo uma bênção e uma desgraça. Nossa tendência é ficar pensando: “E se tivesse escolhido o outro caminho?”.

Monja Coen decidiu seguir seu caminho no mosteiro e leu nos textos clássicos que precisava da autorização dos pais. Porém, sua mãe a questionava muito porque vinha de uma família católica apostólica romana. Ela não entendia por que a filha estava se distanciando tanto da religião católica se poderia, em vez disso, se tornar uma freira.

Ela achava que a filha tinha passado por uma lavagem cerebral. Cláudia, como ainda era chamada na época, teve que convencer sua mãe e, ao fazer isso, ela mesma também se convenceu profundamente.

Curiosamente, um dia após ter recebido a bênção de sua mãe, seu mestre a chamou — mesmo sem saber do ocorrido —  e a avisou que poderiam iniciar a sua ordenação.

Por isso é tão importante a entrega.

É fundamental se autoperceber, e os ensinamentos do Zen-Budismo propõem um caminho que se percorre olhando para dentro de si. Então, iremos perceber que não existe dentro nem fora. Estamos todos interconectados, a tudo e a todos, o tempo todo. O que fazemos, o que pensamos e como agimos afeta toda a realidade.

Nós meditamos para nos conhecer e estar presentes. A meditação existe para todo mundo, independe de religião, de oriente ou ocidente, de país.

Trata-se de uma capacidade da mente humana que, infelizmente, foi pouco desenvolvida ao redor do mundo e ao longo dos séculos. Agora estamos redescobrindo esta capacidade, da mesma maneira que encontramos a simplicidade de viver, de nos alimentar, de nos relacionar.

Meditar é retirar o excesso e enxergar a essência. Nada é permanente neste mundo, não há nada que você possa segurar. Sabendo disso, vivemos com mais leveza, sem apegos e aversões.

Talvez você esteja vivendo há muitos anos num estado de adormecimento, sem perceber quem é de verdade ou o que acontece em sua mente e coração.

Talvez você esteja vivendo no piloto-automático, deixando passar as pequenas belezas da vida, sem apreciar cada momento.

Talvez você pense em seu passado e sinta arrependimento, culpa, tristeza. Talvez tenha feito escolhas que hoje não faria. Talvez deseje agora ter encontrado estes ensinamentos antes, imaginando que muitas coisas poderiam ter sido diferentes.

Observe como você reage a isso, perceba o que está vivo dentro de você. Todos estes caminhos trouxeram você até aqui hoje. Perceba os sentimentos, mas não se agarre a eles nem às suas interpretações e julgamentos sobre si mesmo.

Você não está adiantado nem atrasado. Você está exatamente na hora certa.

E a hora certa é sempre agora. O momento presente é tudo o que existe: a partir dele construímos a nossa realidade.

Não tenha medo de errar, de mudar. O que aconteceu já ficou para trás. Em algum momento, fez sentido. O fraco nunca erra, pois pensa que é perfeito e acha que não tem nada a perder, nem a modificar. O forte, pelo contrário, reconhece suas falhas e tem coragem de recomeçar sempre.

A possibilidade de sair da zona de conforto é uma bênção. Neste momento,  você é convocado a criar soluções, a crescer e a se desenvolver. Imagine passar a vida inteira estagnado, no mesmo lugar?

Que bom que temos a chance de mudar a cada dia!

O que você escolhe?

Chegamos ao fim de mais uma lição, e esperamos que você tenha desfrutado de cada palavra. Lembre-se: isto não é uma maratona e não existe linha de chegada. Aprecie cada etapa do processo, pois a chegada está no próprio caminho.

Se for preciso, leia novamente cada lição para permitir que os aprendizados sejam incorporados aos poucos em sua vida. Escolher viver em paz e cultivar a alegria são exercícios diários. Escolhas que se renovam a cada dia.

Por isso, esperamos você na próxima lição que será disponibilizada em breve.

Na Lição 3, vamos falar sobre o assunto mais procurado nos últimos tempos: ansiedade e estresse. Você vai entender as origens da ansiedade para, finalmente, aprender como combater o mal pela raiz.

Vamos descobrir como perceber e controlar suas reações e emoções em diferentes situações. Como vencer o medo, diminuir o estresse, tudo isso partindo de um “lugar interno” que não depende dos outros.

Você poderá deixar de ser refém num mundo caótico e determinar seu futuro, mesmo em meio a situações desafiadoras.

Desejamos ensinar a você como desenvolver “musculatura mental” para lidar melhor com o que acontece ao seu redor. Desta forma, você saberá como reagir diante de qualquer conflito.

E principalmente: queremos que você seja mais feliz todos os dias e se liberte da angústia de viver com ansiedade.

Fonte: Equipe Zazen

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