Pílulas de desabafo

Para ler ouvindo: Bobagem – Céu

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Vou começar abrindo meu coração: já tinha terminado o texto da coluna desta semana e resolvi começar de novo, do zero, porque ao reler o outro fiquei borocoxô. Ia falar na bad, mas li no Facebook de uma amiga esses dias que com tanta palavra legal em português (ela usou jururu) pra que americanizar… e concordei (risos). Então cá estou, tentando falar sobre rotina e rede de apoio no tom leve que desejo para este espaço. Não tá fácil, só que poderia estar pior.

Como diz a Yaskara Ferreira, aqui do Afina Menina: Não pira.

Respira.

Quero, antes de tudo, reforçar que a gente continue ficando em casa. Beleza, ninguém aguenta mais, mas a pandemia ainda não acabou e é o que temos pra hoje. Passei seis meses desejando joanetes a quem andou saracoteando por aí no auge da curva, indo pra praia de galera, correndo em grupo no parque com fita de isolamento e etc. Sobre quem foi nos bares que continuaram abertos por venderem comida nem vou comentar. Hoje, meio ano depois, como também comecei a dar meus pulinhos só posso falar pra não sairmos sem máscara em hipótese alguma. Se der vontade de abaixar no queixo ou pendurar na orelha pensa que isso é o novo andar na rua de crocs (assumindo aqui o risco de ser julgada por quem considera ok).

Ah, vale o esclarecimento: leiam “comecei a dar meus pulinhos” como um bate e volta até a Graciosa para comer pastel e tomar caldo de cana numa parada de estrada e uma partidinha de basquete no clube desprestigiado do bairro (vazio 300 dias do ano, com ou sem pandemia) na companhia do meu marido e filho (que moram comigo). Não que seja uma desculpa, mas como ré confessa, argumento que a total ausência de incidência de raios solares no apartamento em que moramos atuou como nossa cúmplice.

Continuando.

Que tal hoje não vermos o telejornal? Não tô falando de alienação, vamos deixar de exagero, vai. É só um dia. Amanhã nos atualizamos e, de preferência, buscando várias fontes (aqui o tom é incisivo).

Quem me conhece sabe que eu amo estar conectada, principalmente pelas redes sociais. Não por acaso, estou em todas desde os primórdios de cada uma. Meu trabalho exige que eu tenha conhecimento sobre elas. Contudo, pessoalmente falando, tenho buscado aperfeiçoar minha capacidade de filtrar.

Vou além disso, se o recorte da vida de um amigo ou conhecido não me desperta inspiração, alegria, orgulho e/ou saudade, enfim, bons sentimentos, é porque existe alguma questão interna que preciso rever. Mergulho fundo na minha própria consciência (off-line, tá). Tentando, nem sempre com sucesso, aplicar a reflexão em novas atitudes e comportamentos cotidianos. Simples não é, o aprendizado precisa ser diário e constante. Como minha meta é chegar aos 60 minimamente mais evoluída, estamos mais ou menos no meio do processo e com boas perspectivas.

Vamos em frente.

Tá rolando um home office por aí? Com experiência de seis anos comprovada na área, recomendo limitação total de horário em prol da psique. Se não tem jeito mesmo e precisam ser 8h na frente do computador, eu espero que haja uma rede de apoio. Pode ser pequena como a minha, que se resume a um casal e faz toda diferença – nesse caso, conto com um parceiro munido de alto poder de cumplicidade, proatividade e resiliência.

Eu produzia conteúdo freelance para diversas agências e empresas com pauta, prazo e salário até a pandemia estourar. Foi a maneira que encontrei de não deixar o Pedro no colégio o dia todo. Mas, há uns dois anos, adoeci, enlouqueci e resolvi baixar o ritmo e focar toda minha energia no equilíbrio da casa, que na quarentena tem um menino de 6 anos quicando o dia inteiro por ela (lembram dele, né? O que tem a mesma energia do recreador da Carreta Furacão). Não se trata de poder, acreditem, mas de colocar tudo na balança, rever e baixar a guarda (e o orçamento, claro) e focar no que é prioridade para nós.

Se você chegou até aqui, oba!

Quem vê meus stories praticando exercícios não vê a escultura de roupas que venho esculpindo há duas semanas na lavanderia, uma obra de arte da contemporaneidade digna de uma artista renomada. Não vê os brinquedos que foram ficando atrás do sofá e formaram uma comunidade hippie ali mesmo. Muito menos enxerga os pêlos da Lua que rolam feito bolas de feno dos filmes de faroeste e me obrigam a parar tudo para aspirar.

Se mesmo depois de tudo isso, postei aquela good vibe com certeza foi tentando me convencer de algo que eu mesma estava precisando naquele momento. Se também fez bem pra outra pessoa, bingo! Dividir é uma constante no meu vocabulário e jornada. É claro que a vida não é perfeita como no Instagram. Alguém realmente acredita nisso? Me pergunto.

Peguei o mapa da rotina e setorizei: tem os pontos que são obrigatórios pra sobrevivência, higiene e sanidade e os que posso adiar, protelar ou ainda eliminar. Os ciclos vão mudando conforme a necessidade. Nada definitivo, militar (cruzes). A lista é muito particular, vai de cada um. E cada dia conta. Pra ilustrar, só sei que num dia tô tomando cerveja, coca-cola ou vinho e comendo pizza ou cachorro-quente sem culpa, mas sem culpa meeeesmo, e no outro lavando cada legume, verdura e fruta orgânica com carinho, comendo 5 cores no prato uma semana e hidratada até o último poro.

Por fim…

Eu diria pra quem eu amo que pedir ajuda é perfeitamente normal. Que admitir que estamos cansadas também. Só que pra isso, precisamos começar aceitando entrar no que eu chamo de looping de escolhas e renúncias. Faz tempo que entendi que não dá pra simplesmente ter tempo e disposição pra tudo e ainda ter tempo pra ser feliz e saudável. Tipo casar e querer ser totalmente autônoma, o que dá e se deve fazer, ao meu ver, é preservar a individualidade; ter filhos e dormir como uma adolescente, mesmo no meu caso em que a criança simplesmente dorme como um anjinho desde os 2 anos, pois naturalmente sou eu quem acaba despertando do nada no meio da noite pra verificar a segurança da cria; optar pela carreira em tempo integral ou maternidade em tempo integral ou conciliar tudo fulltime e ainda ter plena saúde mental (edit: essa coluna não considera dar uns gritos como loucura, mas sim necessidade básica); comer de tudo, ser sedentária e rezar pro metabolismo…  esquece. Aprendi na marra que refletir, dosar disciplina e procrastinação e, se precisar, ceder são exercícios de amor próprio incríveis.

Fiquem bem. Em casa ou na rua de máscara.

Até a próxima!

 

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