Quer um palpite? Ouça seu coração!

Para ler ouvindo: Three Little Birds – Bob Marley

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Não é que eu seja avessa a dicas e, cof cof, conselhos de pessoas ~supostamente~ mais experientes quando o assunto é maternidade (ou paternidade, caso seja seu caso aí do outro lado). Existe sim muita boa intenção nesse meio, mesmo que às vezes a gente pense, quase que involuntariamente, “logo pra mim, que SOU A MÃE”. Hoje, seis anos após o nascimento do meu filho, eu diria que se em terra de cego quem tem olho é rei, diante de uma cacofonia de palpites ter protetor auricular é luxo.

Ok. No meio do olho do furacão que se torna a vida cotidiana pós-parir é bom ter alguém a postos para te segurar no chão. Mas, e se eu quisesse voar?

No vasto universo materno, não faltam candidatos a conselheiros. Fazendo justiça aqui: toda vez que não pedi uma opinião e mesmo assim ela me foi dada, sempre ouvi com educação e dispensei com delicadeza. Na maioria dos casos, concordando monossilábica na hora e fazendo exatamente o oposto depois. Desculpa aí. Nós, pais e mães, sobretudo as mães, ouvimos muitas coisas relacionadas à gravidez (a fase preferida dos mensageiros do apocalipse com suas histórias sobre partos trágicos narradas em forma de premonição), amamentação, início escolar, enfim, em todos os momentos – praticamente desde a concepção até agora. Entre uma tarefa e outra (e olha que são muitas), nosso papel é filtrar toda essa avalanche de informações que recebemos. Ah, a não ser quando indicam segurar o bebê pelos pés e de ponta cabeça para fazer o soluço passar. Essa eu dispenso de cara, sem hesitar.

Honestamente, uma das coisas mais sábias que creio ter aprendido enquanto mãe é que nunca terei a palavra final. Aprendo isso diariamente, na base de muitas alegrias e tristezas, erros e acertos, suor e lágrimas. Experimentação. Amor incondicional? Sim, óbvio, só não pretendo ficar repetindo isso toda vez, considerem implícito, por favor. O que tenho feito, com boas doses de coragem e resiliência, é juntar fragmentos de todas as coisas aplicando-as na prática em doses condizentes com minha realidade em todos os aspectos que cabem nela. Ufa!

Há séculos, as mulheres vem sendo julgadas, preocupadas e oprimidas, em diferentes proporções, por conceitos, técnicas e teorias (publicadas ou não), sabichões (alguns que sequer cuidaram de um bebê), outras mulheres (essa eu escrevo com o coração sangrando) e, claro, nossa linda e bela sociedade (!). Mas, ao que me parece, a grande maioria dos chamados “especialistas” poucas vezes me pareceram realmente interessados no pragmatismo dos dias e noites que sucedem o nascimento de um filho.

O registro histórico de uma corrente de pensamento, popular na década de 1920, pregava que os bebês não deviam receber carinho: se agissem bem, seriam recompensados com um tapinha na cabeça ou um aperto de mão. Já a senhora Sidney Frankenburg, uma mãe excepcional, garantia que ninguém deveria mostrar nada à criança pequena para não estimulá-la demais, visto que o sangue deveria estar todo concentrado no nascimento dos dentes e não no cérebro (oi?!). Como bem coloca a escritora Lily Purves, vai um tempo até entendermos nossas amadas criaturas que em um momento fazem parte do seu corpo e no outro se transformam em alienígenas, indivíduos exigentes e desconcertantes que demoram três anos para começar a entender motivos e argumentos e mais 15 para consolidar o aprendizado.  

#bomhumorétudo #persistênciatambém #criesuahashtag

É claro que também ouvi muita coisa boa, positiva e encorajadora ao longos dos anos.

Porém, em se tratando de coisas realmente úteis – era disso que eu queria falar desde o começo: INSTINTOIsso sim é real! Perfeição? Apenas desistiria se fosse você. Em um único dia, jamais consegui cuidar do bebê, da casa, do marido, das roupas, do cabelo, da maquiagem, dos freelas. Se conhece alguém que sim, essa pessoa deveria escrever um livro, publicar e ganhar milhões (qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência – a gente se apega a tudo mesmo, percebam). Para minha melhor amiga grávida do primeiro filho eu apenas diria baixinho, caso ela me perguntasse,”uma coisa de cada vez”.

É possível relaxar, acreditem, assim como praticar o autocuidado. Eu custei a botar fé, admito, mas agora que eu peguei gosto, menina! Um pai presente também faz muita diferença. Se ele está aí deve ser com 50% da responsabilidade, não ajudando, mas sim fazendo a parte dele. Pediatra boa e não muito ortodoxa = casa com ela e não larga por nada. Ser a melhor mãe que você consegue ser está de bom tamanho e há muitas maneiras de ser uma boa mãe: a minha vai ser diferente da sua, da vizinha, da irmã, da tia, da avó. Finalmente, nunca, N-U-N-C-A, discuta com os palpiteiros, a não ser que evitar o confronto vá te dar um ataque cardíaco.

Poupe a fadiga. Abuse da empatia. No fim das contas, o que importa mesmo é – sempre ele, maravilhoso – o AMOR! Eu disse que não falaria dele? Ops!

Até a próxima!

Imagem: Arquivo pessoal – Crédito: Davi Perez

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