Síndrome do pânico no trabalho – é preciso olhar para a saúde mental nas empresas

As empresas desejam profissionais motivados e engajados na equipe. Na busca por melhores resultados, as cobranças e pressões também se elevam, o que, claro, impacta na saúde mental dos colaboradores.

Em um cenário de pandemia, os negócios andam ainda mais preocupados com os seus resultados, se esquecendo de um fator que impacta fortemente o clima organizacional, que é a saúde mental dos colaboradores.

Desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial e com mais de 35 anos de vida corporativa, não lido apenas com problemas relacionados à gestão e finanças, mas vejo de perto problemas relacionados a pessoas nas empresas.

Recentemente falei sobre a depressão no ambiente de trabalho e como as empresas devem lidar com essa realidade, hoje quero falar sobre a síndrome do pânico no trabalho, outro problema compartilhado por milhares de pessoas no mundo.

A síndrome do pânico é um dos transtornos mentais que pode ser ocasionada também pelo ambiente das empresas. Trata-se de uma doença que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge 280 milhões de pessoas no mundo, o que representa 4% da população mundial.

Só no Brasil, do total dos benefícios da Previdência Social em 2019, relacionados a algum tipo de transtorno, 21,18% foram em função da síndrome do pânico.

Síndrome do pânico e seus efeitos no ambiente de trabalho

A síndrome do pânico é caracterizada por um ataque súbito e intenso. A pessoa se sente sob perigo e acredita que pode morrer a qualquer momento.

Também pode ser tratada por transtorno do pânico (ansiedade paroxística episódica) e ocorre de maneira repentina, inesperada e inexplicável. Também pode ser compreendida como uma crise de ansiedade aguda em que as tonalidades de medo e desespero se sobrepõem. A pessoa que sofre da síndrome pode apresentar sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que costumam atingir intensidade máxima em até 10 minutos.

Principais sintomas de um ataque do pânico:

Medo de morrer;
Medo da perda do controle sobre si, além da sensação de que está enlouquecendo;
Despersonalização (sensação de desligamento do mundo exterior, como se estivesse em um sonho) e desrealização (dificuldades na percepção do mundo e de si mesmo, o que impede a diferenciação da realidade da fantasia);
Palpitações e taquicardia;
Náusea;
Sudorese;
Ondas de calor e calafrios;
Sensação de falta de ar e de sufocamento;
Entre outros.

Em um caso de síndrome de pânico, a pessoa pode apresentar pelo menos quatro dos sintomas apresentados acima. Além disso, é comum que aqueles que sofrem da síndrome do pânico apresentem quadros de depressão.

Acredita-se que fatores genéticos e ambientais estejam relacionados com o desenvolvimento do problema. Ambientes estressantes, por exemplo, e o uso de certos medicamentos como anfetaminas, além do consumo de drogas e álcool, podem estar relacionados à síndrome do pânico. Uma mudança repentina já pode gerar uma resposta do organismo.

Síndrome do pânico no trabalho

A síndrome do pânico no trabalho custa para a pessoa tempo e produtividade. Quem sofre do problema, após ter vivenciado a primeira crise, passa a ter medo de um próximo ataque. Além disso, há uma outra questão importante, muitas pessoas optam por não abrir o jogo no trabalho sobre o problema que apresentam, porque não querem ser vistas como vulneráveis.

Se pararmos para pensar, ainda é recente a “educação sobre saúde mental”, muitas pessoas e negócios ainda têm uma visão conturbada sobre o tema e muitos preconceitos.

Nesse momento de pandemia mundial, em que muitas pessoas ainda estão se adaptando a como viver em meio ao caos, os problemas de saúde mental podem se agravar e é preciso falar sobre eles, compreendê-los e tratá-los como parte da realidade humana.

Se é no ambiente de trabalho, diante de uma demanda ou de qualquer problema relacionado à atividade profissional, que a pessoa sofre um ataque de pânico, é comum que o trabalho seja associado ao indutor do pânico. É fundamental a busca por tratamento psiquiátrico e apoio da psicoterapia para ajudar a pessoa a identificar os gatilhos que provocam o problema e a como reverter a situação.

Algumas situações no ambiente de trabalho podem ser mais propícias ao desenvolvimento da síndrome do pânico, que são:
Cansaço excessivo e jornada exaustiva;
Situações de assédio verbal ou moral;
Problemas com a comunicação interna;
Cobranças irreais e metas inalcançáveis;
Clima organizacional ruim com alto grau de insatisfação por parte dos colaboradores.

Gestores precisam estar atentos aos problemas de saúde entre a equipe

Meu alerta é para que as empresas desenvolvam políticas e ações de saúde mental para ajudar os seus colaboradores a lidarem com as frustrações e mudanças, ajudando a criar um ambiente de trabalho saudável, que gere bem-estar e motivação.

Quais práticas são recomendadas para a saúde e bem-estar dos colaboradores em um negócio?

Tenha uma cultura de bem-estar

É importante que faça parte da cultura do negócio a qualidade de vida de sua equipe, não apenas no ambiente de trabalho, mas fora dele. Em um momento de trabalho remoto, por exemplo, é fundamental manter uma rotina de reuniões, não apenas para falar de aspectos relacionados ao trabalho, mas a como as pessoas se sentem, quais dificuldades têm enfrentado, etc.

Promova ações de saúde mental e qualidade de vida, seja por meio de palestras, workshops, reuniões quinzenais, etc. É importante abordar temas relacionados à saúde mental e qualidade de vida das pessoas. Uma boa alimentação, por exemplo, é essencial e reflete, inclusive, sobre a saúde mental. A prática de atividades físicas deve ser incentivada, assim como de cuidados preventivos de saúde.

Incentive programas de atividade física

A atividade física é fundamental para o relaxamento e alívio do estresse, o que ajuda na redução do cansaço físico e mental, que podem evoluir para uma série de transtornos mentais. A prática de ginástica laboral, por exemplo, pode ajudar na melhora do clima organizacional, gerando maior satisfação entre a equipe.

Estimule o canal de comunicação com especialistas da Psicologia

A síndrome do pânico pode ter uma série de origens, inclusive, pode ser ocasionada no ambiente de trabalho. Empresas que contam com o apoio de profissionais treinados e plenamente habilitados para ajudar em casos mais graves têm um ponto positivo no quesito gestão de pessoas, e não só isso, com certeza contam com uma equipe mais engajada e que valoriza o ambiente de trabalho.

Equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional

É fundamental que as empresas respeitem os limites de cada trabalhador e incentive os momentos de lazer. Cobranças excessivas impactam diretamente no clima organizacional, é preciso estabelecer um limite, cobranças fora do horário de expediente e aos finais de semana então, estão totalmente fora de cogitação.

Foco na saúde mental no trabalho

No caso das empresas vale ressaltar o quão fundamental é que se invista em programas de saúde mental, no caso de MEIs, é essencial que invistam em si mesmos.

A tendência é que esses problemas se tornem cada vez mais frequentes nesse cenário de pandemia, por isso, não podemos fechar os olhos para essa realidade. Empresas são formadas por pessoas e como estão as pessoas que fazem parte da sua equipe?

Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing). É empresário há mais de 15 anos e sócio e fundador da MORCONE Consultoria Empresarial.

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