Procura por tratamento de pedra na vesícula aumenta após pandemia

O relaxamento das ações de isolamento social, adotadas como medida preventiva à disseminação do novo coronavírus, levaram ao aumento na procura por diagnóstico e tratamento de pedras na vesícula, patologia conhecida como colelitíase. Apesar de ser assintomática na maioria dos casos, a doença, quando se manifesta, pode causar dor intensa e levar à complicações sérias.

Dr. Raphael Tadeu G. Lopes, cirurgião geral e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Paula, explica que mudanças alimentares decorrentes da nova rotina imposta pela pandemia é um dos fatores que explica o aumento no número de casos. “Nesse período de isolamento em casa, muitas pessoas mudaram a alimentação e passaram a consumir mais alimentos gordurosos, em busca de conforto. Esse é um dos comportamentos de risco para a doença”, diz.

Além disso, o especialista aponta que muitas pessoas deixaram de procurar ajuda médica nesse período, por medo de contaminação. “São pacientes que já tinham recebido o diagnóstico, mas decidiram esperar para dar sequência ao tratamento e agora estão retornando ao consultório. E também existem aqueles que já apresentavam sintomas, como dor, mas adiaram a ida ao médico”, afirma Lopes.

A demora em procurar o especialista, no entanto, aumenta o risco de complicações. A mais grave é a pancreatite aguda biliar (inflamação no pâncreas), que pode levar até mesmo à morte.

Causas e tratamento do cálculo na vesícula

A vesícula biliar tem papel importante na digestão. É um órgão em forma de bolsa, localizado abaixo do fígado, que tem a função de armazenar a bile – líquido produzido pelo fígado para metabolizar gordura no intestino. Uma das substâncias mais abundantes na bile é o colesterol, proveniente da alimentação. Quando essa solução está desequilibrada, o colesterol em excesso e em combinação com os sais biliares pode formar cálculos (pedras) dentro da vesícula.

Esse processo pode ser desencadeado por predisposição genética ou por fatores de risco, como uma dieta rica em gorduras e carboidratos e pobre em fibras, colesterol alto, diabetes, obesidade e, no caso das mulheres, uso prolongado de anticoncepcionais hormonais e elevação do nível de estrogênio.

Segundo o cirurgião, a maioria das pessoas que têm pedras na vesícula não apresentam sintomas e podem conviver com o problema durante anos, só descobrindo a doença com realização de exames de imagem. No entanto, os cálculos podem migrar para os ductos biliares, que levam a bile até o intestino, obstruindo o fluxo. “Quando isso acontece, a pessoa passa a sentir dor intensa no lado direito do abdômen ou nas costas, especialmente após as refeições. A dor pode estar associada à perda da coloração das fezes (acolia fecal), coloração amarelada da pele e olhos (icterícia) e intensificação da cor da urina (colúria). Outros sintomas são náuseas, vômito e febre”. A complicação mais comum dessa obstrução é a inflamação da vesícula, chamada colecistite aguda. Já a mais grave é a inflamação do pâncreas.

O diagnóstico do cálculo na vesícula é feito com apoio da ultrassonografia abdominal. “Na maioria dos casos assintomáticos, o problema é detectado em exames de rotina”, conta Raphael Lopes. Uma vez identificado o problema, é necessário manter o acompanhamento com o especialista para definir o momento oportuno para realização do tratamento definitivo, que nesse caso é a cirurgia (colecistectomia). “A colecistectomia é a retirada da vesícula junto com os cálculos, feita por videolaparoscopia – cirurgia minimamente invasiva -, e após um período curto de recuperação o paciente retoma sua vida normal, mantendo apenas uma dieta mais saudável, com menor quantidade de gordura”.

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