A poesia que há no fim
*Andreza Carício
Vivemos tempos instáveis em todos os aspectos, sociais, econômicos e emocionais. Ser vulnerável, é necessário. Brené Brown, autora e palestrante americana, disse: ser vulnerável não é conhecer vitória ou derrota; é compreender a necessidade de ambas, é se envolver, se entregar por inteiro. Meio caminho andado nós já temos, conhecemos o sucesso e o fracasso, mas em qual destes dois será que nossa mente quer permanecer?
Racionalmente a resposta vem rápido, mas colocar em prática um caminho harmonioso para grandes, e por vezes acredite pequenas conquistas como se levantar pela manhã, tem sido excruciante para muitas pessoas. Não falo de “achismos”, esta é a conclusão de milhares de mensagens que recebo diariamente de pessoas que buscam por algum tipo de ajuda ou epílogo para uma fase ruim.
Nossos pensamentos são treinados desde o início de nossas vidas. Quando nos dizem que é feio chorar, por exemplo, acabamos por criar a imagem de que sentimentos tristes devem ser escondidos. E aqueles que os demonstram são tidos como fracos ou mentalmente instáveis. Por isso, para alguém como eu, que passou por inúmeras fragilidades, perdas irreparáveis frutos de uma sociedade muitas vezes inóspita, essas mensagens chegam como um alivio. De alguma forma me sinto em paz por essas pessoas buscarem ajuda e encontrarem conforto.
As causas para as “derrotas” são muitas. Separações, desemprego, mortes pela covid-19, falta de assistência social, entre tantas outras. Então como voltar a acreditar? É preciso mapear o seu padrão de comportamento. Estudei por anos técnicas como Mindfulness, EFT–Emotional Freedom Techniques, Ho’oponopono, EMDR (do inglês, Eye Movement Desensitization and Reprocessing), coerência cardíaca, condicionamento Pavloviano, Feng Shui, LPF (Low Pressure Fitness) e muitas outras. Envolvi completamente métodos científicos, espirituais e de força física para um único direcionamento: conquistas positivas.
Algumas situações na vida são inevitáveis, mas aprendi com pessoas como Augusto Cury, Gary Craig, Heinrich Hertz, Francine Shapiro, Padre Fábio de Melo a como responder a elas. E isso fez a diferença. Jamais deixei de sentir a tristeza que o momento exigiu, mas reconectar-se com o sentido do que te faz amar o que se perdeu é fundamental. Em minha vida tenho dezenas de exemplos relacionados a isso. Quando não passei no exame de magistratura, por exemplo, sofri sem imaginar quanto aquilo era uma benção. Eu nem suspeitava, mas se tivesse passado no tal exame, meu caminho certamente não teria sido o de plenitude, pois eu não estaria trabalhando em algo que amo.
Assim como o universo, precisamos aprender a lidar com a pandemia, as frustrações, a agonia do que está por vir e o luto do que já foi. Se cada um de nós que receber uma mensagem de alguém que precisa de ajuda, superar suas dores existenciais para ser útil ao próximo, teremos a oportunidade de não só repensarmos nossas dificuldades como olharmos nossas decepções por outros ângulos.
Aprende-se pela dor ou pelo amor. Todo Santo Dia a dor chega a um fim próximo, mas peço que acreditem e a vejam como a poesia que poderá ensinar possíveis desdobramentos e acontecimentos em sua vida.
*Andreza Carício, autora de Todo Santo Dia (Literare book), palestrante, tabeliã e CEO da marca Todo Santo Dia