Dia Internacional do Orgasmo Feminino teve início com projeto de lei no Brasil
O Dia Internacional do Orgasmo Feminino foi celebrado pela primeira vez no dia 8 de agosto de 2007, em um vilarejo chamado Esperantina (PI), no Brasil. A data foi criada pelo então vereador José Arimatéia Dantas Lacerda, que propôs uma lei obrigando os homens a proporcionar orgasmo a suas esposas. Com isso, pretendia-se não apenas conscientizar a população com respeito à sexualidade feminina, mas também reduzir o tabu ao redor desse tema e fazer com que os homens “quitassem suas dívidas” perante suas mulheres.
Para entender como essa data saiu do nordeste brasileiro e tomou conta do mundo, linguistas internacionais do aplicativo de idiomas Babbel, considerada a empresa de educação mais inovadora da Europa, reuniram expressões relacionadas ao orgasmo feminino em outros idiomas para compreender como as pessoas sentem (e descrevem) essa excitante experiência ao redor do mundo.
Começando pelo óbvio
A maioria dos idiomas falados ao redor do mundo tem uma forma similar de se referir ao orgasmo. A palavra é praticamente igual em turco (orgazm), inglês (orgasm), espanhol (orgasmo) e até japonês (oogasma). Mas por quê?
Originalmente, o termo orgasmos vem do grego e quer dizer “plenitude, inchaço”. Assim sendo, a palavra orgasmo pode ser considerada uma metonímia, isto é, uma figura de linguagem em que um termo substitui um outro com o qual está associado.
Excitação drástica
Alguns idiomas têm formas bem específicas de expressar a sensação de excitação provocada pelo orgasmo. Nesses idiomas, o elemento prazer se mistura à receita, fazendo com que o orgasmo ganhe o status de uma experiência positiva. Eis alguns exemplos: pracanda uttējanā (que, em bengali, quer dizer “excitação drástica”), ezra shodan (que, em farsi, significa “a satisfação está acontecendo”) e cực khoái (expressão vietnamita que pode ser traduzida como “prazer extremo”).
Gao chao (“maré alta”) ou o orgasmo como pico
Um conceito bastante recorrente é o do orgasmo como pico: 24% dos idiomas se valem dessa metáfora. E quais seriam esses idiomas?
Ao expressarem o orgasmo como um pico, as pessoas estariam se referindo ao calor, à sensação de excitação que se atinge com o orgasmo e/ou ao gatilho disparado como resposta a um estímulo sexual. A escalada rumo ao clímax também pode ser abarcada nesse conceito. E, de todas as formas, a ideia de pico é sempre positiva
Em mandarim usa-se a expressão gao chao (que pode ser traduzida como maré alta) para descrever o pico do orgasmo. Essa expressão é fabulosa, pois associa o aspecto físico dos fluidos (“maré”) à ideia metafórica de pico.
O orgasmo como destino
Outra metáfora similar é a do orgasmo como destino: 48% dos idiomas possuem expressões que podem ser traduzidas como “estou chegando”.
Se analisarmos a palavra “chegar”, podemos perceber que ela transmite uma ideia implícita de deslocamento. Nesse caso, o deslocamento seria em direção ao interlocutor, isto é, à pessoa que está ouvindo o discurso.
La petite morte (“a pequena morte”)
Mas nem sempre o orgasmo é comparado a caminhos ascendentes.
Na França, usa-se uma metáfora curiosa para descrevê-lo: la petite morte, ou “a pequena morte”. A intensidade das sensações vivenciadas durante o orgasmo e a perda momentânea do controle são suficientes para explicar por que esta pode ser comparada a uma experiência de quase morte. Em nove idiomas foram encontradas expressões como “estou terminando”, “estou indo”, nas quais há uma ideia implícita de afastamento em relação à pessoa que está ouvindo o discurso.
Em japonês, diz-se iku (estou indo), um eufemismo para a morte. Entre os idiomas nos quais o orgasmo está relacionado ao fim de jornada podemos citar os seguintes: russo (Konchayu, “estou terminando”), seediq (Kiyadi, “terminei”) e tagalog (Nilabasan na ko, “estou terminando/saindo”).
O orgasmo como a liberação de uma força — ou como fogo
Outra forma de se referir ao orgasmo em mandarim é yao she le (“estou disparando”). O orgasmo é descrito como fogo em finlandês (nyt mä tulen, (“agora eu sou fogo”). E como calorem tagalog: nag-iinit (“esquentando”).
O mais poético
Em checo, utiliza-se a expressão Už budu, que pode ser traduzida como “eu serei”. Dessa maneira, o orgasmo representa um estado de existência — e uma promessa de continuidade. Não por acaso, muita gente na República Checa chamou a atenção para a semelhança dessa frase com a máxima proferida por Descartes: “Penso, logo existo”.