A ausência da presença

A ausência da presença – 04 de agosto de 2019

Hoje, eu ia perguntar de você… Mas dói não saber… Não sei te explicar, prima… Assim, não ficávamos mais que dois dias sem nos falarmos, nunca ficamos, em nossos sete anos de convivência. Quando você viajava, o sinal era ruim, a distância, o trajeto, mas era ter uma fagulha de sinal que lá estava você, enviando um áudio reconfortante ou uma foto… e foram tantos, meu Deus, como foram…

Desde que você ficou incomunicável, sabia de você diariamente pela Ligiane, pelo Murilo e pela Luiza… E hoje, bateu a saudade de saber de você… Embora fragilizada, eu sabia que você estava ali, que lutava pela vida, então, em meio a dificuldade que você passava, me reconfortava saber que você estava viva… Mesmo com os altos e baixos da saúde, você vivia fisicamente… Hoje, você vive em mim, nas memórias tão alegres que carrego da convivência com você… Você vive.

Domingo, eu e Ulisses nos sentamos para tomar café, o primeiro desde que você se foi… Parece que tudo perdeu o sabor… Aprontamos a mesa, e ele fez aquele café que você tanto gostava, mas embora tudo estivesse uma delícia, a boca permanecia amarga.

Em um período de silêncio, dissemos juntos, sem planejar: “Ah, a Lígia!”. Ele disse que jamais esperava ter que fazer o “convite” para a sua missa de sétimo dia. Que de todos os trabalhos que ele fez, esse foi aquele que ele não gostaria de ter feito. Pudera, você esteve presente em todos os momentos da nossa história e a gente esperava a sua recuperação para que você fosse nossa madrinha de casamento… não deu tempo. Você teve pressa, teu relógio parou…

No mesmo instante, eu disse: “Prima, você nem sabe o quanto esse café está maravilhoso, e esse é pra você!”, e foi nesse instante que a embalagem que continha o bolo, estalou… Eu tinha certeza de que era você se fazendo presente, que você nos visitou, sem mesmo não ter vindo à nossa casa nova… Não deu tempo…

Da mesma forma como sabia que era você na noite em que você se foi. Senti o afagar dos meus cabelos enquanto pensava em você e tentava, sem sucesso dormir (Doía pra respirar)… Senti alguém me afagando e ficando com a mão presa no meu cabelo… Fiquei feliz pensando que talvez você tivesse vindo me espiar, me fazer carinho e se despedir…

Sua ausência dói os ossos, e eu luto diariamente para que as nossas lembranças permaneçam comigo.

Obrigada, minha prima por compartilhar a sua existência… Eu te amo!

Até breve!

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