Farmacêutica tira principais dúvidas sobre a manipulação de remédios

Na forma manipulada, o paciente recebe uma dose individualizada e um preparo exclusivo para sua necessidade

Em 5 de maio, é celebrado o Dia Nacional do Uso Consciente de Medicamentos, uma ocasião dedicada a conscientizar a população acerca da importância de fazer uso adequado desses produtos, seguindo as recomendações dos especialistas em saúde. A mobilização conta com o respaldo da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Neste contexto, estão inclusos os medicamentos manipulados, cujo setor segue em alta devido à otimização dos processos tecnológicos e à crescente necessidade de tratamentos personalizados.

De 2016 a 2021, o setor magistral obteve resultados positivos consistentes, totalizando um crescimento de 15%, segundo dados da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). De acordo com a Associação, estima-se que as farmácias de manipulação gerem uma receita anual mínima de R$ 800 milhões.

Diante deste cenário, torna-se fundamental conhecer os processos das farmácias de manipulação. Sendo assim, Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, diretora técnica da Formularium, membro da ANFARMAG e da SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar); responde à nove dúvidas comuns sobre os medicamentos manipulados:

Qualquer medicamento pode ser manipulado?

Depende. Hoje, a farmácia magistral, também chamada de farmácia de manipulação, conta com tecnologias capazes de produzir uma gama de produtos. No entanto, existem aspectos técnicos que nem sempre a farmácia consegue atender, como o drageamento, por exemplo.

Outro aspecto importante são as patentes e os produtos já disponíveis em determinada dosagem. “Via de regra, não se manipula um produto que você pode encontrar exatamente igual na drogaria e que seja economicamente mais vantajoso”, diz Paula, que também é especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e membro da APhA (American Pharmacists Association).

O medicamento manipulado é igual ao de drogaria?

Não. Os medicamentos vendidos na drogaria são industrializados, fabricados em grandes lotes e distribuídos para uma grande população. Já os manipulados são feitos individualmente. Em geral, são dosagens e formas farmacêuticas que não se encontram prontas.

Eles têm alguma vantagem em relação aos industrializados?

Sim. Na forma manipulada, o paciente recebe uma dose individualizada e um preparo exclusivo para sua necessidade. “Se pensarmos que a pessoa irá tomar um medicamento feito sob medida para sua enfermidade, certamente o manipulado terá maior eficácia e adesão ao tratamento”, pontua a farmacêutica.

Qualquer pessoa pode fazer uso de medicamento manipulado?

Sim. Mas somente se ele for prescrito por um profissional habilitado, que siga as indicações técnicas rigorosamente.

Ele precisa de receita?

Sim. Todo medicamento manipulado precisa de receita prescrita por um médico. “No entanto, na sua farmácia de confiança, há determinados produtos que podem ser preparados mediante receita do próprio farmacêutico”, orienta Paula Molari Abdo.

É possível escolher o tamanho/formato da cápsula?

Sim. É possível escolher tamanho, cor e tipo de cápsula, de acordo com a necessidade de cada paciente. “As farmácias de manipulação passaram a produzir microcápsulas, cápsulas de fácil abertura, cápsulas hidrossolúveis, entre outros tipos, principalmente para atender crianças, idosos ou pessoas com problemas de deglutição”.

O medicamento manipulado pode ser desenvolvido em outras formas farmacêuticas, como xarope, gel ou creme?

Sim. Segundo Paula Molari, essa é outra vantagem da farmácia de manipulação. “Muitas vezes, um produto industrializado só existe na forma de comprimidos. Já a farmácia de manipulação pode preparar a mesma substância em um xarope com sabor agradável para crianças, por exemplo”.

Ele é mais indicado para pessoas com intolerâncias a aromatizantes, conservantes, corantes, glúten ou lactose?

Sim. O medicamento manipulado pode ser preparado sem nenhum aditivo, conforme restrições, alergias ou intolerâncias do paciente.

Farmácias de manipulação precisam de controle de qualidade e certificação?

Sim. Toda farmácia de manipulação deve ter um controle de qualidade, com auditorias internas que analisam todos os insumos e embalagens que farão parte do medicamento, e também do produto final, para averiguar se está com o peso correto e testar a sua eficácia.

“Não é permitido pela ANVISA funcionar sem seguir inúmeras normas, como controle da água, qualificação de fornecedores, treinamento contínuo dos técnicos, entre outros quesitos. As farmácias de destaque no mercado possuem certificações de qualidade extras, como ISO 9001, SQM e o monitoramento da ANFARMAG, requisitos essenciais para atendimento a hospitais, por exemplo”, finaliza Paula Molari Abdo.

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