Geração Z se afasta da formalidade no vestir para o trabalho
Para ela tailleur, para ele terno, gravata e quem sabe, às sextas, um casual day. Para muitos profissionais este guarda-roupa formal de trabalho foi uma realidade ao longo das carreiras. E talvez continue sendo quando o escritório voltar a funcionar definitivamente. Mas não há como negar que a rotina de ligar o computador todos os dias no conforto do lar e mostrar, no máximo, a parte de cima da indumentária abalou para sempre a nossa relação com o trabalho. Isso inclui como nos apresentamos. Para as gerações mais jovens, isso apenas confirmou uma intenção: a vontade de se vestir cada vez mais casualmente.
E foi justamente neste grande balão de ensaio pandêmico que as consultoras Karla Giacomet e Dani Amorim, da KD Imagem e Marca Pessoal, se debruçaram num projeto de pesquisa realizado nos meses de agosto e setembro de 2020, por meio de questionário online, com mais de 60 questões.
“Já vínhamos acompanhando algumas mudanças expressivas de comportamento, especialmente no Brasil, no que diz respeito à imagem pessoal no ambiente de trabalho, que se intensificou no cenário de pandemia”, diz Dani Amorim. O estudo contou com a participação de 460 respondentes, sendo 71% profissionais residentes em Curitiba.
Um dos grandes assuntos que buscam compreensão no mercado de trabalho atual são os conflitos entre as gerações baby boomer, X, Y e Z. Para contextualizar: baby boomers – 53 anos ou mais; geração x – 39 a 52 anos; geração y (millenials) – 25 a 38 anos; geração Z – 18 a 24 anos. O estudo comprova que esses conflitos impactam na forma de se vestir de cada faixa etária.
Diferentes percepções
Segundo as profissionais, o levantamento mostra que, antes das diferenças sobre o vestir, existe a variante de percepção a respeito do nível de formalidade do ambiente de trabalho. “Para as gerações mais novas, o ambiente de trabalho no qual estão inseridos é mais informal, o que possivelmente as faça escolher uma vestimenta coerente com a classificação que fazem do ambiente. O contrário acontece com os baby boomers, ocasionando um conflito de expectativa”, pontua Karla Giacomet.
57% dos entrevistados consideram a sua área de atuação mais informal, enquanto 43% consideram mais formal. Entre os baby boomers, essa classificação se inverte: 41% consideram informal e 59% consideram formal.
Profissionalismo e formalidade (leia-se regras, convenções, etiquetas) foram conceitos complementares por muito tempo. Profissionalismo não existia sem formalidade. E formalidade era evidência de profissionalismo. “O vestuário sempre teve papel fundamental nessa materialização, o que é incompatível com a atualidade. Para as novas gerações, a preocupação com o dress code profissional continua fazendo sentido, porém tem um peso diferente em relação ao impacto que provoca na sua autoconfiança e desempenho”, explica Dani.
“Quando cuido da minha imagem pessoal, me sinto mais seguro(a) e autoconfiante” é uma frase com 95% de grau de concordância entre os entrevistados, somadas as respostas “concordo totalmente” e “concordo parcialmente”. Quanto mais nova a geração, o grau de concordância vai diminuindo: 100% entre os baby boomers, 97% entre a geração X, 93% entre a Y e 88% entre a geração Z.
No geral, a relevância atribuída ao tema também varia conforme gênero e posição ocupada na empresa, sendo maior na percepção de mulheres e de profissionais que ocupam cargos considerados mais estratégicos.
Gerações, gêneros e cargos à parte, a pesquisa traz um resultado relevante: quanto maior o alinhamento entre os valores do profissional e da empresa, maior é a satisfação do profissional em relação ao que é esperado de sua imagem no trabalho.
Fato é que a despeito das diferenças de percepção, os códigos de vestir caminham cada vez mais por uma quebra na rigidez. Num futuro próximo, certamente haverá mais empresas flexibilizando a exigência da formalidade no vestir e profissionais que cada vez mais conseguirão expressar suas preferências e estilos pessoais no ambiente de trabalho. “Por ora, a tentativa de colonização por regras por parte dos pouco flexíveis não se mostra um caminho eficaz. E a tentativa de colonização por choque por parte dos pouco tolerantes não se mostra um caminho estratégico”, complementa Karla.
Para acessar a apresentação com alguns insights do estudo, clic no link.
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