Tudo o que você precisa saber sobre a sexagem fetal
Durante a gestação, existe uma pequena quantidade de DNA fetal circulante, de origem placentária. Essa descoberta possibilitou, há algum tempo, a investigação de forma não invasiva da presença do fator Rh fetal (antígeno D) em gestantes Rh-negativas e, mais recentemente, a determinação precoce do sexo do feto, conhecida como sexagem fetal.
Segundo a ginecologista e obstetra, Dra. Karina Tafner, especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa, e em reprodução assistida pela FEBRASGO; através da análise do DNA fetal, detecta-se a presença ou ausência do cromossomo Y, que tenha atravessado a placenta e esteja circulando pela corrente sanguínea da mãe.
“Todos nós possuímos dois cromossomos sexuais. A mulher possui dois cromossomos X, e o homem, um cromossomo X e um Y. Caso seja encontrado no exame um cromossomo Y, pode-se dizer que o bebê será um menino. Se não houver esse cromossomo, será uma menina. Esse avanço permite antecipar o conhecimento do sexo do bebê em, pelo menos, um mês em relação à ultrassonografia comum, exame que avalia as estruturas fetais, incluindo os órgãos genitais do bebê”, afirma Karina Tafner.
Como fazer a sexagem fetal
É possível realizar o exame de duas formas: por sangue e urina. O exame de sexagem pela urina é feito da mesma maneira que o teste de gravidez. No entanto, ele não é comercializado em farmácias no Brasil, sendo encontrado apenas em algumas lojas online. Pode ser realizado a partir de 10 semanas de gestação e apresenta um índice de acerto de aproximadamente 82%. “Os erros na determinação do sexo fetal por esse exame podem ocorrer pelos seguintes motivos: uso de certos medicamentos pela mãe, coleta inadequada da urina, erro na interpretação do exame, relação sexual nas últimas 48 horas do exame ou erro de cálculo da idade gestacional”, explica a ginecologista.
Já a sexagem fetal através do sangue materno é realizada por laboratórios de análises clínicas. Coleta-se cerca de 20 ml de sangue, obtidos por punção de veias periféricas da mãe, procedimento que não traz nenhum tipo de risco para ela e o feto. “Não há necessidade de jejum ou de preparo anterior ao exame, e o resultado sai após 2-5 dias da coleta. Sendo feito a partir da oitava semana gestacional, o índice de acerto chega a 99%”. De acordo com Karina Tafner, o resultado pode ter erro nos seguintes casos: a mãe ter recebido transfusão de sangue, possuir órgão transplantado de um homem ou se, no início da gravidez, havia mais de um saco gestacional (um de menino e outro de menina) e só a gestação da menina tiver evoluído.
“Gestações anteriores não interferem no resultado de nenhum dos dois tipos de exame de sexagem, uma vez que o DNA fetal circulante é rapidamente depurado da circulação materna após o parto”, completa a especialista.
Em caso de gêmeos
“O exame é coletado e processado da mesma forma quando a mãe está grávida de gêmeos. Se forem univitelinos (gêmeos idênticos), o teste é válido para os dois bebês, pois gêmeos idênticos têm o mesmo DNA e, por isso, o mesmo sexo”. Já em casos de bivitelinos (gêmeos fraternos), o resultado positivo para Y significa que ao menos um dos gêmeos será menino, mas não torna possível saber o sexo do outro feto. Mas, se o resultado der ausência do cromossomo Y, pode-se dizer que ambas são meninas.
Custo e cobertura
“Como se trata de um exame teoricamente não necessário, realizado apenas por vontade e curiosidade dos pais, a sexagem fetal não tem cobertura pelos planos complementares de saúde. Pelo mesmo motivo, o exame não está disponível para realização pelo SUS. O valor do teste sanguíneo de sexagem fetal varia de acordo com o local e com a região do país, com preço entre R$ 200 a R$ 800”, finaliza Karina Tafner.