Chemo Brain: Entendendo os Impactos Cognitivos e Emocionais da Quimioterapia no Câncer de Mama

Como o tratamento oncológico afeta a mente das mulheres e quais estratégias podem proteger o cérebro durante e após a terapia

Além do corpo, o câncer de mama e seus tratamentos impactam silenciosamente a mente. Entenda como quimioterapia, queda hormonal e estresse oxidativo alteram cognição, humor e emoções e o que a ciência já aponta como caminhos de proteção.

Quando falamos de câncer de mama, o foco quase sempre recai sobre cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, felizmente, sobre a taxa de sobrevivência que só cresce. Mas há um território silencioso, muitas vezes ignorado, que também merece atenção: as sequelas cognitivas e emocionais que acompanham o tratamento.

“Esquecimento frequente, dificuldade de concentração, ansiedade, oscilações de humor e até sintomas semelhantes à depressão são cada vez mais relatados por mulheres em tratamento oncológico. Não são apenas reflexos emocionais do diagnóstico, são efeitos biológicos reais.”

Como o tratamento oncológico afeta o cérebro

1. Quimioterapia e o “chemo brain”
O termo chemo brain já é usado pela comunidade científica para descrever a “névoa mental” que muitas pacientes relatam após a quimioterapia.
Estudos mostram que os quimioterápicos alteram neurotransmissores, prejudicam a neurogênese (formação de novos neurônios) e aumentam o estresse oxidativo cerebral. O resultado é um conjunto de sintomas cognitivos: lapsos de memória, raciocínio mais lento e dificuldade de foco.

2. Queda de estrogênio
O estrogênio não é apenas um hormônio sexual. Ele atua diretamente em áreas do cérebro ligadas à memória, ao humor e à plasticidade neuronal.
Mulheres que passam por supressão hormonal durante o tratamento (como uso de tamoxifeno ou inibidores de aromatase) enfrentam sintomas muito semelhantes aos da menopausa, mas em intensidade maior: ondas de calor, insônia, ansiedade e queda cognitiva.

3. Estresse oxidativo e inflamação crônica
O próprio câncer, associado ao tratamento, gera uma sobrecarga inflamatória e oxidativa. Esse ambiente interno compromete a função das células nervosas, acelera processos de envelhecimento cerebral e amplifica sintomas como fadiga mental, irritabilidade e baixa motivação.

Enquanto a medicina avança em índices de cura e sobrevida, muitas mulheres vivem o pós-tratamento carregando sintomas silenciosos que afetam carreira, vida social, autoestima e até relacionamentos. O corpo se recupera. Mas a mente continua pedindo ajuda.

Estratégias de proteção para o cérebro durante e após o tratamento

1. Nutrição cerebral
– Alimentos antioxidantes: frutas vermelhas, uva roxa, cacau, cúrcuma e chá verde ajudam a neutralizar radicais livres.
– Gorduras boas: ômega-3 (sardinha, salmão selvagem, linhaça) atua na formação de membranas neuronais e melhora cognição.
– Proteínas de qualidade: fornecem aminoácidos precursores de neurotransmissores.

2. Modulação hormonal personalizada
Com acompanhamento médico, é possível avaliar a possibilidade de terapias hormonais (em casos seguros) ou alternativas naturais que modulam sintomas de queda do estrogênio e auxiliam no equilíbrio do humor.

3. Suplementação direcionada
– Vitamina D: essencial para a função cognitiva e imunológica.
– Complexo B: importante para neurotransmissores e energia cerebral.
– Magnésio e zinco: minerais que reduzem ansiedade e estresse oxidativo.
– Probióticos: o intestino é um eixo-chave para o humor via microbiota.

4. Estilo de vida neuroprotetor
Sono profundo, atividade física regular e práticas de manejo do estresse (como respiração, meditação e yoga) reduzem níveis de cortisol e ajudam o cérebro a se recuperar.

O Outubro Rosa sempre foi um convite à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Agora, a discussão precisa ir além: como garantir qualidade de vida plena para quem sobrevive?

“Não basta vencer o câncer. Precisamos devolver vitalidade, clareza mental e equilíbrio emocional às mulheres que passaram pelo tratamento. O cérebro também precisa de cuidado e recuperação.”

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Por Dr. Dárcio Pinheiro

médico com pós-graduação em ciências da obesidade e sarcopenia e hormonologia; professor e escritor com 19 anos de experiência em metabolismo e longevidade; autor de três livros sobre nutrição personalizada; CRM 4557-RS / 257252-SP

Artigo de opinião

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