Crise do Leite no Paraná: Mais de 300 Produtores se Mobilizam por Preços Justos

A crise do leite no Paraná mobiliza mais de 300 produtores para um ato que acontecerá nesta terça-feira (21), em frente à Assembleia Legislativa do Estado. A ação, organizada pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores(as) Familiares do Paraná (FETAEP) e outras entidades, ocorre durante uma audiência pública que discutirá a queda no preço do litro do leite e suas consequências para a agricultura familiar.

A produção de leite é uma das principais atividades da agricultura familiar no Paraná, representando uma fonte essencial de renda, geração de empregos e permanência das famílias no campo. Segundo a FETAEP, 86% das 110 mil unidades produtoras de leite do Estado são de agricultores familiares. O presidente da FETAEP, Alexandre Leal dos Santos, destaca que “é uma cadeia de grande importância social e econômica e que está entre as mais impactadas pela baixa nos preços do litro do leite e pela falta de políticas públicas eficazes que garantam a regulamentação adequada do setor”.

Entre os principais desafios enfrentados pelos produtores estão o aumento dos custos de produção e as importações desreguladas de leite em pó da Argentina e do Uruguai. Alexandre Leal reforça que “a entrada de leite em pó importado e sua posterior reidratação em território nacional prejudica diretamente a cadeia nacional. É necessário que o Governo do Estado proíba essa prática e garanta condições justas de concorrência”. A FETAEP também defende maior fiscalização federal sobre os leites importados e regras mais rígidas para a indústria e o varejo.

Ex-deputados e produtores locais também alertam para a necessidade de regulamentação. Pedro Ivo Ilkiv ressalta que “ao trocar o leite fluido pelo composto lácteo que vem de fora, os lacticínios prejudicam os produtores locais”, enquanto Assis do Couto lembra que “mesmo diante da crise, o varejo mantém sua margem de lucro, o que agrava a situação de quem produz”.

A pauta da FETAEP, construída com lideranças sindicais e representantes da cadeia produtiva do leite, será apresentada aos deputados Luis Corti (PSB), Reichembach (PSD) e Luciana Rafagnin (PT), propositores do debate. O grupo também busca a criação de uma Comissão Permanente da Cadeia do Leite para garantir a continuidade dos debates e encaminhamentos futuros em diversos níveis governamentais.

Em relação aos preços, a última resolução do Conseleite-PR apontou que, em setembro, o valor de referência do leite padrão foi de R$ 2,26 o litro, enquanto o pasteurizado chegou a R$ 4,30. No mesmo mês do ano anterior, esses valores eram R$ 2,5374 e R$ 4,62, respectivamente. “Ou seja, a diferença já chega a quase R$ 0,30 por litro. Sem contar que, em algumas regiões do Estado, o valor pago está abaixo de R$ 2,00. Os produtores estão pagando para trabalhar, enquanto os valores praticados nas gôndolas dos supermercados seguem os mesmos”, lamenta Alexandre Leal, que destaca a necessidade de investigar esse gargalo.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com mais de 34 bilhões de litros anuais, produzidos em 98% dos municípios brasileiros, predominando pequenas e médias propriedades que empregam cerca de 4 milhões de pessoas. O Paraná é o segundo maior produtor nacional, com 4,6 bilhões de litros produzidos em 2024 e um Valor Bruto de Produção superior a R$ 12,1 bilhões. A região de Castro, conhecida como a Capital Nacional do Leite, contribuiu com 484 milhões de litros.

Este movimento reforça a importância da agricultura familiar para a economia e a sociedade paranaense, e a urgência de políticas públicas que garantam preços justos e condições adequadas para os produtores de leite. A mobilização desta terça-feira é um passo fundamental para dar voz a esses trabalhadores e buscar soluções efetivas para a crise que afeta o setor.

Conteúdo baseado em informações da assessoria de imprensa da FETAEP.

Texto gerado a partir de informações da assessoria com ajuda da estagiárIA