Saúde Mental no Trabalho: Estratégias Práticas para um Ambiente Corporativo Saudável
Como a gestão da saúde emocional transforma empresas e promove produtividade, inovação e retenção de talentos
No Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, o debate sobre bem-estar emocional ganha ainda mais relevância diante do aumento de casos de transtornos emocionais no ambiente corporativo. A data é uma oportunidade de reforçar que saúde mental não é apenas uma questão individual, mas estratégica para as organizações.
O estresse, a sobrecarga e a ausência de espaços de diálogo impactam diretamente a produtividade, a inovação e a retenção de talentos. Valorizar a saúde mental no ambiente corporativo significa criar culturas mais inclusivas, sustentáveis e humanas, em que os fatores psicossociais passam a ser tratados de forma estruturada, e não apenas como iniciativas pontuais.
Nos últimos anos, houve uma evolução nas discussões sobre saúde mental nas empresas, principalmente após a pandemia. O que antes era cercado de estigma, hoje está no centro da agenda corporativa. Investir em saúde mental não é custo, é retorno — seja em redução do absenteísmo, seja na melhora do engajamento. Vemos avanços na implementação de políticas estruturadas de prevenção de riscos psicossociais.
Para empresas que estão iniciando essa jornada, o primeiro passo é abrir espaços de escuta e reconhecer os fatores psicossociais que impactam sua equipe. Pequenas ações consistentes geram mudanças duradouras.
Este ano, a data ganha ainda mais força com a chegada da nova NR-1, norma regulamentadora que atualizou a abordagem de gestão de riscos no trabalho, incluindo os fatores psicossociais como parte essencial da saúde ocupacional. A NR-1 reforça que a legislação brasileira reconhece oficialmente a importância do tema. Dessa forma, mais do que cumprir uma obrigação legal, trata-se de integrar a saúde emocional ao sistema de gestão, garantindo ambientes mais seguros, saudáveis e resilientes.
Diante desse novo cenário, o papel do médico do trabalho deixou de ser apenas de responsável por exames admissionais. Hoje, ele atua como agente estratégico na promoção da saúde integral. Isso exige não só atualização técnica, mas também habilidades de comunicação, empatia e articulação com diferentes áreas da empresa.
Além das ações institucionais, os trabalhadores também podem contribuir para esse movimento em prol do bem-estar emocional no ambiente corporativo. Algumas dicas práticas de autocuidado e consciência que podem ser adotadas pelos colaboradores incluem:
– Buscar informações sobre saúde mental e fatores psicossociais
– Reconhecer o impacto do estresse crônico e prevenir o burnout
– Priorizar o sono reparador
– Manter uma rotina de pausas regulares
– Estabelecer limites saudáveis entre vida pessoal e profissional
– Buscar apoio quando necessário
– Valorizar práticas que promovam o bem-estar
Por fim, é fundamental a mensuração dos resultados. Falar sobre saúde mental é importante, mas medir indicadores como absenteísmo, presenteísmo e rotatividade é essencial para avaliar resultados e nortear decisões. Essa visão baseada em dados fortalece o diálogo entre saúde, recursos humanos e a alta gestão, promovendo ambientes corporativos mais humanos e produtivos.
Por Dr. Marco Aurélio Bussacarini
Graduado em Medicina pela UNICAMP, especialista em Medicina Ocupacional pela USP, médico, empreendedor, especialista em administração hospitalar e gestão de empresas, CEO da Aventus Ocupacional
Artigo de opinião