Intoxicação por Metanol em Bebidas Adulteradas: Um Perigo Silencioso à Saúde Pública
A fraude alimentar com metanol ameaça vidas, causando cegueira e morte, e exige ação rápida e coordenada para prevenção e tratamento.
A recente onda de intoxicações por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas no Brasil acendeu um alerta urgente para autoridades, profissionais de saúde e população. O metanol, solvente industrial altamente tóxico, não deveria estar presente em bebidas.
Quando ingerido, é metabolizado no fígado, formando formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas. Os sintomas surgem entre 12 e 24 horas após o consumo, variando de embriaguez persistente, desconforto gástrico e alterações visuais até coma, convulsões, insuficiência renal e cegueira irreversível.
Segundo a Nota Técnica Conjunta nº 360/2025 do Ministério da Saúde, casos suspeitos devem ser notificados imediatamente e tratados como eventos de saúde pública. O protocolo oficial recomenda suporte clínico, exames laboratoriais específicos e uso de etanol farmacêutico como antídoto, além de ácido folínico e hemodiálise nos casos graves. O diagnóstico precoce é essencial para evitar sequelas permanentes.
A adulteração de bebidas com metanol é um exemplo clássico de Food Fraud, prática criminosa que visa lucro fácil à custa da saúde do consumidor. Muitas vezes, as bebidas são vendidas em locais informais, sem controle de origem ou nota fiscal. Consumidores devem evitar bebidas de origem desconhecida e exigir qualidade. Estabelecimentos devem garantir a procedência dos produtos. Em caso de suspeita de intoxicação, é fundamental procurar emergência e informar o histórico de consumo.
Como biólogo e especialista em saúde única, reforço que a saúde humana está profundamente conectada à saúde ambiental e à integridade dos sistemas alimentares. A fraude alimentar ultrapassa fronteiras individuais e ameaça toda a sociedade, colocando vidas em risco, sobrecarregando o sistema de saúde e minando a confiança nas instituições. Proteger o indivíduo é proteger o coletivo, e a prevenção é sempre o caminho mais seguro.
A luta contra a intoxicação por metanol exige ação coordenada entre governo, setor produtivo e sociedade. Informar-se, exigir qualidade e denunciar irregularidades são atitudes que salvam vidas. Em caso de suspeita, profissionais de saúde e população podem buscar orientação imediata junto ao CIATox, pelo telefone 0800 722 6001 (Disque-Intoxicação Anvisa).
Por Willian Barbosa Sales
Biólogo, Doutor em Saúde e Meio Ambiente, Coordenador dos cursos de Pós-graduação área da saúde do Centro Universitário Internacional UNINTER
Artigo de opinião