Paralisação do governo americano expõe racha até entre republicanos com Trump

Impasse sobre orçamento leva ao primeiro “shutdown” desde 2019 e mostra que nem todos no partido topam as sandices do ex-presidente.

Os Estados Unidos amanheceram nesta quarta-feira com o governo parcialmente paralisado. O impasse entre democratas e republicanos sobre o orçamento federal levou ao chamado shutdown, que já afeta 750 mil funcionários públicos e ameaça se prolongar pelos próximos dias.

O que chama atenção não é apenas o impacto econômico ou a incerteza em setores essenciais, mas a divisão dentro do próprio partido de Donald Trump. Mesmo com 53 cadeiras no Senado, os republicanos não conseguiram garantir os 60 votos necessários para aprovar o pacote orçamentário.

O que está em jogo

  • Saúde: Democratas querem repor bilhões de dólares no programa de saúde para famílias de baixa renda (Obamacare).

  • Corte de gastos: Republicanos defendem congelar despesas no nível atual até novembro, acusando os democratas de inflar custos herdados da pandemia.

  • Imigrantes como alvo: A Casa Branca, sob influência direta de Trump e do vice JD Vance, pressiona para cortar gastos ligados à saúde de imigrantes indocumentados.

“Trump e os republicanos fecharam os serviços do Estado porque não querem proteger a saúde do povo americano”, dispararam Chuck Schumer (líder democrata no Senado) e Hakeem Jeffries (líder democrata na Câmara).

Nem todo republicano engole Trump

A imagem do ex-presidente como figura incontestável dentro do partido começa a rachar. A votação revelou resistências e deixou claro que nem todos os republicanos estão dispostos a endossar medidas que beiram o absurdo político e econômico.

Enquanto isso, a Casa Branca avisou que “demissões iminentes” podem acontecer se o impasse não for resolvido até o fim de semana. Agências como a Nasa já exibem mensagens de suspensão de atividades, e embaixadas limitam comunicações apenas a emergências de segurança.

Impacto econômico

De acordo com cálculos da seguradora Nationwide, cada semana de shutdown pode reduzir em 0,2 ponto percentual o crescimento do PIB americano. Em 2019, durante o governo Trump, o país amargou o mais longo fechamento da história: 35 dias de paralisia, que custaram US$ 11 bilhões ao PIB.

O simbolismo do impasse

Mais do que números, o fechamento de 2025 expõe um paradoxo: Trump voltou ao poder prometendo eficiência e força, mas o que o país vê é instabilidade e desgaste político.

A resistência de parte dos republicanos em votar cegamente nas pautas do ex-presidente pode ser o início de um racha mais profundo — sinal de que as “sandices” de Trump não têm mais a mesma blindagem dentro do partido.

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