Doação de órgãos no Brasil: uma decisão que salva vidas e histórias
Como a conscientização e o diálogo familiar podem transformar a realidade dos transplantes no país
O Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, nos lembra que mesmo diante da perda é possível transformar vidas. Dados do Ministério da Saúde revelam que em 2024 o país realizou mais de 30.300 transplantes de órgãos e tecidos, o maior número da série histórica. Apesar desse avanço, cerca de 78 mil pessoas ainda aguardavam na fila por um transplante.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a maior demanda é por rim, com mais de 42 mil pacientes na lista de espera. Outros órgãos com alta demanda incluem fígado, coração, pulmão e medula óssea. Muitos pacientes esperam meses ou anos e, infelizmente, não sobrevivem até que um órgão compatível esteja disponível.
Quem tem um familiar na fila de espera por um órgão sabe o que significa viver na tensão constante entre esperança e medo. Cada ligação, cada notícia sobre disponibilidade de órgãos desperta ansiedade, e a espera pode ser longa demais. É uma dor silenciosa, quase invisível para quem está fora da fila de espera, e que reforça a importância de cada doação efetivada e de cada gesto de conscientização.
Um dos maiores desafios continua sendo a recusa familiar: apenas 55% das famílias autorizam a doação. É nesse momento que informação e empatia transformam tragédias em esperança. Conversar sobre a doação com familiares é essencial para que a decisão seja respeitosa e consciente.
A capacitação das equipes de saúde é fundamental para enfrentar esses desafios. Profissionais treinados podem melhorar a logística de captação e compatibilização de órgãos, além de aproximar e orientar famílias no momento da decisão, garantindo que cada doação seja realizada com segurança, eficiência e sensibilidade.
Doar órgãos exige responsabilidade e coragem. Significa comunicar claramente a família e confiar no sistema de saúde para que cada gesto possa realmente salvar vidas. Campanhas de conscientização em escolas, universidades, empresas e hospitais mostram que mais informação gera mais doações e menos vidas perdidas.
Cada órgão transplantado representa uma segunda chance, uma história que continua e uma família que não precisa se despedir de quem poderia viver. Se queremos que o Dia Nacional de Doação de Órgãos faça diferença de verdade, precisamos falar sobre isso, conscientizar, orientar e agir. A vida de alguém pode depender da nossa decisão hoje.
Por Vaniele Silva Pinto Pailczuk
enfermeira, especialista em UTI/ Urgência e Emergência, professora e tutora de cursos de pós graduação na área da saúde no Centro Universitário Internacional Uninter
Artigo de opinião