Day Molina e Nalimo: Moda Indígena e Sustentabilidade em Destaque na Paris Fashion Week

A estilista indígena Day Molina leva ancestralidade, resistência e compromisso ambiental para uma das passarelas mais importantes do mundo, homenageando Chico Mendes e os povos originários do Brasil.

A Nalimo, marca comandada pela estilista e ativista Day Molina, faz história ao se tornar uma das primeiras marcas de origem indígena a ocupar uma passarela de alcance mundial. A coleção que faz um manifesto em homenagem a Chico Mendes e aos povos originários do Brasil será apresentada na agenda do Runway Vision, plataforma que integra o calendário independente durante a Paris Fashion Week.

Descendente dos povos Aymara e Fulni-ô, Day traduz a ancestralidade em uma estética contemporânea que combina silhuetas volumosas, tecidos naturais e bordados artesanais a uma sensibilidade urbana e minimalista. Mais do que moda, sua nova coleção é um manifesto político e cultural: uma homenagem à memória de Chico Mendes, ícone da luta ambiental e dos direitos dos povos da floresta.

Inspirada pela preservação da Amazônia e pela força da ancestralidade brasileira, a designer propõe uma narrativa de resistência. Palha, ráfia, couro certificado de pirarucu e tilápia, látex da seringueira, folhas de vitória-régia, cascas de castanheira e sementes de pau-brasil e açaí são traduzidos em looks que ecoam texturas orgânicas e tons de terra úmida, evocando o pulsar da floresta. Tecidos de algodão orgânico e pigmentos vegetais completam a paleta, reforçando o compromisso da Nalimo com a sustentabilidade e a valorização das raízes culturais brasileiras.

“Esta coleção é, antes de tudo, um convite para uma experiência com a floresta e refletir sobre a urgência de preservá-la. É moda como afirmação de identidade, resistência e futuro”, afirma Day Molina, que passou uma semana no Acre em imersão com a família de Chico Mendes para desenvolver a coleção.

Pioneira na representação indígena na moda nacional, Molina também é fundadora do movimento #DecolonizeFashion, que vem impulsionando mudanças estruturais no setor. Sua estreia europeia, portanto, vai além da passarela: é um gesto de afirmação cultural, de denúncia sobre a extinção dos povos originários e de defesa por uma indústria mais consciente.

No palco da Runway Vision, no primeiro dia da Paris Fashion Week, a Nalimo ressignifica o conceito de moda internacional, transformando cada peça em símbolo de memória, resistência e esperança.

Em sua segunda edição parisiense, a plataforma global de moda Runway Vision se consolida como uma das mais relevantes passarelas da agenda independente da Paris Fashion Week, funcionando como vitrine internacional para estilistas e marcas emergentes. Neste ano, sete brasileiros integram a programação e apresentam suas coleções no Le Space Clery, no bairro do Marais, em paralelo ao primeiro dia da agenda oficial que transforma a capital francesa no epicentro da moda mundial.

Mais que desfiles, o Runway Vision constrói um ecossistema de oportunidades para essas marcas e artistas, reunindo compradores, investidores, influenciadores, imprensa especializada e formadores de opinião. Promove conexões estratégicas e conteúdos premium que impulsionam marcas para novos mercados.

O objetivo é democratizar o acesso à visibilidade internacional, criando experiências imersivas que dialogam com os novos valores da moda: inovação, diversidade e responsabilidade socioambiental.

Nesta edição, pela primeira vez, faz parte da agenda do Runway Vision a conexão das marcas e artistas selecionados com compradores de grandes lojas de departamento francesas e globais, ampliando o alcance comercial dos participantes. São oportunidades de networking estratégico para vendas por meio de showrooms e pop-up stores, em uma proposta que ressignifica o conceito tradicional de feira de negócios. Trata-se de uma iniciativa que une moda, marketing e posicionamento de mercado, reforçando o evento como uma experiência inovadora de trading contemporâneo.

A presença da Nalimo na Paris Fashion Week representa um marco para a moda indígena brasileira, que ganha espaço e voz em uma das maiores vitrines globais. É um passo importante para a valorização da ancestralidade, da sustentabilidade e da luta dos povos originários, temas urgentes e necessários no debate contemporâneo da indústria da moda.

A

Por Antonio Montano

Diretor

Artigo de opinião

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