Magreza flácida ou gordurinhas com músculos: qual corpo realmente é mais saudável?
O médico Rodrigo Schröder explica por que a pressa em emagrecer pode comprometer a saúde e como o equilíbrio entre massa muscular e gordura é essencial para o bem-estar.
O:
A pressão pelo corpo perfeito volta e meia ganha força nas redes. Celebridades como Yasmin Brunet, a americana Tara Reid, Maiara e até Bruna Marquezine foram alvo de críticas por conta da flacidez e emagrecimento rápido. Já Paolla Oliveira, apesar de também já ter sido criticada pelo peso, continua sendo referência de beleza e sensualidade. Mas, afinal, o que é mais saudável: ser magra e flácida ou estar acima do peso, mas com músculos? A resposta, segundo o médico especialista em emagrecimento saudável e comunicador de saúde Rodrigo Schröder, vai muito além da estética.
A flacidez não é só excesso de pele
“A flacidez acontece por perda de colágeno, elastina e principalmente de massa muscular. Quando o emagrecimento acontece rápido demais, o corpo não tem tempo de adaptar o tecido de sustentação. O resultado é uma pele sem firmeza e um corpo com menos suporte estrutural”, explica.
Além disso, fatores como envelhecimento, desequilíbrio hormonal, tabagismo, má alimentação e até a exposição solar em excesso agravam o quadro. Ou seja: a pressa em emagrecer potencializa processos naturais de envelhecimento da pele.
O perigo das canetas milagrosas
Medicamentos para emagrecimento sempre foram muito buscados nas farmácias, mas ainda eram tabu. Hoje, as famosas canetas emagrecedoras se popularizaram. Mas, segundo o médico, seu uso sem acompanhamento adequado pode acelerar a flacidez.
“Essas drogas podem até trazer resultado rápido, mas sem treino de força e sem nutrição correta, a perda de peso não é só de gordura: vem também da massa muscular. E o músculo é justamente o que dá volume, preenchimento natural e sustentação para a pele”, afirma.
E dá para emagrecer rápido e manter a firmeza? A resposta é curta, segundo o médico: dificilmente. “É possível reduzir riscos, mas não existe milagre. O segredo está em perder peso de forma gradual, priorizando proteínas e musculação. Só o treino de força consegue estimular ganho de massa muscular durante a perda de gordura”, diz Schröder.
Além da musculação, ele cita suplementação adequada de vitaminas e minerais, hidratação e evitar dietas radicais como pontos importantes para preservar a saúde da pele e dos músculos.
Afinal, magra flácida ou gorda maromba: quem leva a melhor na saúde?
Rodrigo afirma que, quando o assunto é saúde, os dois extremos trazem riscos diferentes:
– Magreza flácida: indica perda de músculo, colágeno e, muitas vezes, carências nutricionais. “Do ponto de vista estético, incomoda. Do ponto de vista de saúde, é ainda mais preocupante: o corpo flácido e sem músculo tem metabolismo mais lento, menos proteção óssea e risco aumentado de osteoporose e sarcopenia.”
– Sobrepeso com músculos: “Pode significar mais força, melhor reserva metabólica e maior proteção óssea. Porém, o excesso de gordura visceral eleva os riscos cardiovasculares, inflamatórios e hormonais.”
Em outras palavras, não basta ser magra e não basta só ter músculos. O equilíbrio entre força, massa magra preservada e percentual de gordura adequado é o que realmente garante saúde.
Quando a balança engana
Um emagrecimento aparentemente bem-sucedido pode esconder problemas sérios. Segundo Schröder, alguns sinais claros de que o corpo está perdendo saúde junto com o peso são:
– Queda de cabelo e unhas fracas;
– Pele sem viço;
– Fadiga constante e insônia;
– Baixa libido;
– Quedas de imunidade e infecções recorrentes.
“A pessoa comemora a balança caindo, mas junto está perdendo músculo, micronutrientes e equilíbrio hormonal. No longo prazo, esse corpo se torna mais frágil”, alerta. “A estética é importante para muita gente, mas não pode ser o único objetivo. Saúde de verdade é preservar massa muscular, força e equilíbrio metabólico. O corpo não precisa estar no padrão para estar bem”, finaliza o médico.
Por Rodrigo Schröder
Médico, formado em Medicina, com residência em Ortopedia e Traumatologia, pós-graduação em Nutrologia Esportiva e Medicina do Esporte, mestrado em Nutrição e Dietética, especialista em Medicina e Performance Esportiva, comunicador de saúde
Artigo de opinião