Setembro Amarelo: com o isolamento social é preciso falar ainda mais sobre o suicídio
Setembro é o mês dedicado a falar sobre a prevenção do suicídio, um assunto que precisa ser abordado, dado o número de pessoas que atentam contra a própria vida: segundo a OMS (dado de 2019), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo. Isso significa que a cada dia 2160 pessoas tiram a própria vida. Ao longo de um ano são 788.400 pessoas mortas. E a tendência para 2020 é que esses números sejam ainda maiores, devido à pandemia e ao isolamento social.
Dra. Ana Paula Carvalho, médica psiquiatra e palestrante TEDx, alerta para o desenvolvimento ou agravamento de quadros de depressão devido à solidão causada pelo isolamento social. “Uma das formas mais eficazes no controle de uma pandemia é o isolamento social, evitando a propagação do vírus. No entanto, isolar-se dos outros é extremamente nocivo à saúde mental. A solidão é uma das causas e dos sintomas da depressão e, como se sabe, casos graves da depressão podem caminhar para o suicídio. É preciso estar ainda mais atento a isso esse ano”, diz a médica.
Nada supera o contato físico, o “olho no olho”, mas é possível amenizar a sensação de se estar sozinho graças à tecnologia: “A internet e os smartphones podem aproximar as pessoas estejam elas separadas por quilômetros de distância. Essa é a hora de fazer o bom uso da tecnologia e estar presente – ainda que virtualmente”, diz Ana Paula. “Combinar um happy hour com amigos, um jantar com a família e até uma noite de jogos por meio da tecnologia é uma forma de sentir-se mais próximo às pessoas, mesmo estando sozinho em casa”, continua a médica. Criatividade, aliás, é palavra-chave para afastar a solidão e tristeza do momento: festa à fantasia com turmas de amigos online, jogos por meio de plataformas com conhecidos (e até desconhecidos), lives de shows dos mais variados tipos musicais… tudo pode ajudar uma pessoa a sentir-se conectada, mesmo isolada. No entanto, é preciso estar alerta se notar que a tristeza está tomando cada vez mais conta da pessoa e, sim, buscar ajuda.
“Ainda em 2020 muitas pessoas consideram ‘vergonhoso’ ou ‘fraqueza’ pedir ajuda a amigos ou profissionais da área da saúde mental quando se está sentindo uma tristeza além do normal. Esse pensamento precisa mudar. Os índices de suicídio no mundo podem baixar se as pessoas mudarem o pensamento e buscarem atendimento profissional ao primeiro sinal de depressão”, diz a doutora. “É uma pena que poucas pessoas são despidas desse pré-conceito. Minha luta como médica é contribuir para mudar esse cenário. Que a pandemia permita que as pessoas prestem mais atenção a si e cuidem-se melhor”, finaliza a médica.