Fibromialgia: a conexão entre dor física e traumas emocionais não elaborados

Como a dor crônica que afeta principalmente mulheres revela histórias emocionais reprimidas e a importância de tratamentos integrativos

Dor generalizada, cansaço constante e uma sensibilidade que desafia explicações clínicas. Para milhões de brasileiras, esses sintomas fazem parte da rotina e têm nome: fibromialgia. Estima-se que cerca de 2,5% da população mundial conviva com o transtorno, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo que até 90% dos casos ocorrem em mulheres, principalmente entre os 30 e 50 anos. Apesar da prevalência, as causas ainda não são totalmente compreendidas pela medicina tradicional.

O que cresce entre especialistas, no entanto, é o entendimento de que fatores emocionais têm papel decisivo no surgimento e agravamento do quadro. “A fibromialgia é um grito do corpo por tudo o que não foi dito, sentido ou elaborado emocionalmente. É uma dor que carrega histórias”, afirma Jair Soares, psicólogo, pesquisador e fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), que há mais de uma década se dedica ao estudo da dor psicossomática.

Segundo ele, há um padrão recorrente entre pacientes: mulheres que, ao longo da vida, acumularam sobrecargas emocionais, traumas afetivos, silêncios prolongados ou expectativas frustradas. “Essas experiências não desaparecem. Quando não são acolhidas, acabam se manifestando no corpo e a fibromialgia é uma das formas mais potentes dessa expressão”, explica.

Dor física com raízes emocionais
Estudos da Universidade Harvard demonstram que eventos traumáticos, especialmente os vividos na infância, alteram a forma como o sistema nervoso central responde a estímulos dolorosos. O mesmo padrão foi identificado em pesquisas conduzidas no Brasil por instituições como a Unifesp, que relacionam fibromialgia a altos níveis de estresse, abuso emocional e histórico de repressão afetiva.

A importância de integrar corpo e emoção
Para além do alívio dos sintomas, especialistas defendem uma abordagem que trate também as causas emocionais do sofrimento. A Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), desenvolvida por Jair Soares e aplicada pelo IBFT, atua justamente nesse ponto: identificar e neutralizar, de forma segura, os gatilhos emocionais que sustentam a dor física.

“A TRG permite que o paciente revisite momentos marcantes da vida, especialmente os que deixaram cicatrizes emocionais profundas. Esse reprocessamento neurológico reorganiza a forma como o corpo responde à memória. A lembrança pode permanecer, mas deixa de provocar dor”, afirma o psicólogo.

A metodologia já foi aplicada em centenas de casos acompanhados pelo instituto e tem mostrado resultados consistentes na redução dos sintomas. “Não estamos falando de milagre, mas de ciência emocional. O corpo e a mente não são áreas separadas. Quando integramos as duas dimensões, a dor encontra espaço para ser compreendida e, muitas vezes, para cessar”, pontua Jair.

Um adoecimento que também é social
A predominância da fibromialgia em mulheres não é apenas biológica. Ela reflete, segundo o IBFT, um acúmulo histórico de papéis, sobrecargas e invisibilizações. “São mães, esposas, profissionais, cuidadoras e raramente cuidadas. A dor da fibromialgia também denuncia uma estrutura emocional coletiva que adoece em silêncio”, afirma Jair.

Dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia indicam que o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença no país ainda é de cinco anos. Nesse intervalo, muitas mulheres enfrentam a invalidação de suas dores por médicos, colegas e familiares. “Isso reforça o sofrimento. A dor que não é legitimada se torna ainda mais insuportável”, diz o especialista.

Atualmente, a pesquisadora do IBFT, Juliana Bezerra Lima Verde, está desenvolvendo sua tese de Doutorado em Psicologia na Argentina pela Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES) com o tema da fibromialgia sendo tratada com a TRG. “Os resultados são impressionantes”, afirma a pesquisadora. “Como a medicina alopática não reconhece as causas, o tratamento disponível atualmente é apenas profilático, através de medicamentos fortes, psicoterapias e atividade física, que são, muitas vezes, abandonados pelos afetados ou representando pouco na qualidade de vida de quem sofre desta doença”, reforça Juliana. “Nosso objetivo no futuro é fazer com que, ao se ter um diagnóstico de fibromialgia, a TRG seja o tratamento de eleição”.

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Por Jair Soares dos Santos

Psicólogo, terapeuta, hipnólogo, pesquisador, professor, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), graduação em Psicologia pela Faculdade Integrada do Recife, especializações em hipnoterapia e análise comportamental, doutorando em Psicologia pela Universidade de Flores (UFLO) na Argentina

Artigo de opinião

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