Epigenética e Envelhecimento da Pele: Como Nossas Escolhas Diárias Moldam o Futuro Cutâneo
Descubra como fatores do dia a dia influenciam a expressão genética e podem retardar o envelhecimento da pele
Quando se fala em envelhecimento, muitos ainda acreditam que tudo está escrito nos genes. Mas a ciência moderna mostra que não é bem assim. Estudos indicam que, quando se trata da pele, apenas 20 a 30% do envelhecimento está relacionado à genética. Os outros 70 a 80% são influenciados pela radiação solar (principalmente), por outros fatores externos como poluição, além do estresse, tabagismo e consumo de álcool, ou seja, fatores sobre os quais é possível intervir. Contudo, a epigenética, a expressão de genes de acordo com fatores ambientais e comportamentais, tem desafiado ainda mais essa proporção, trazendo uma nova perspectiva: o envelhecimento cutâneo pode, sim, ser modulado.
A epigenética, ao contrário do que muitos pensam, não altera o código genético em si, mas atua como um “interruptor”, ativando ou desativando a expressão de determinados genes, dependendo do estilo de vida e do ambiente. E é justamente nesse ponto que as escolhas diárias entram em cena: o que se come, o quanto e como se dorme, os cuidados com a exposição solar e até as escolhas dos cosméticos impactam diretamente como os genes do envelhecimento serão expressos.
Assim, a epigenética cosmética representa uma nova geração de cuidados com a pele, focada em reprogramar as células para que funcionem como em uma pele jovem e em atuar nas causas celulares do envelhecimento, prevenindo e recuperando os sinais do envelhecimento de forma inteligente e personalizada. É neste ponto que entram alguns ativos presentes nos dermocosméticos, que podem agir diretamente na expressão gênica, estimulando a produção de colágeno, reduzindo inflamação e protegendo a integridade do DNA celular.
A ciência oferece uma gama de ativos poderosos com ação epigenética, como o EpiCelline®, que estimula a regeneração celular e ativa genes essenciais para o reparo do DNA e a divisão celular, ou os peptídeos biomiméticos, que atuam como mensageiros celulares e regulam a produção de colágeno e elastina. A niacinamida, por sua vez, modula a inflamação e melhora a pigmentação e a função de barreira da pele, enquanto o retinol e seus derivados influenciam diretamente a expressão de genes que controlam a renovação celular, produção de colágeno e queratinização. Extratos botânicos, como o resveratrol, o chá verde e a Centella asiatica, também desempenham papel importante ao combater o estresse oxidativo e modular a inflamação da pele.
A grande beleza da epigenética está justamente no que ela revela: que o futuro da pele não é um destino genético imutável, mas também resultado das escolhas diárias. É empoderador compreender que o envelhecimento está, em grande parte, em nossas mãos, o que motiva o uso da epigenética como aliada, mantendo um estilo de vida saudável e investindo em tratamentos que ajudem a pele a expressar o melhor de si, como uma construção diária.
Por Dra. Tainah de Almeida
médica dermatologista especialista em rejuvenescimento; graduação em Medicina pela Universidade Católica de Brasília (UCB); Residência Médica em Dermatologia no HRAN – SES/DF; Pós-graduação em Dermatologia Oncológica no Hospital Sírio Libanês, São Paulo; título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); Fellowship em Dermatoscopia e Oncologia Cutânea na Skin Cancer Unit do Arcispedale Santa Maria Nuova, Itália; capacitação na unidade de Melanoma e Lesões Pigmentadas do Hospital Clínic da Universidade de Barcelona, Espanha; atuação em dermatologia geral, estética facial, rejuvenescimento natural e oncologia cutânea.
Artigo de opinião