Economia: Dia dos Namorados deve movimentar 93 milhões de consumidores, mas exige atenção às finanças

Planejamento financeiro e criatividade são essenciais para celebrar a data sem comprometer o orçamento pessoal

Dia dos Namorados deve movimentar 93 milhões de consumidores, mas exige atenção às finanças

Com inflação elevada, juros altos e milhões de brasileiros endividados, Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais, alerta para os riscos de exageros na data. Criatividade e diálogo são as melhores estratégias para celebrar sem comprometer o bolso.

Com a chegada do Dia dos Namorados, o comércio brasileiro se prepara para receber cerca de 93 milhões de consumidores, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas. Apesar do número expressivo, a estimativa representa uma queda de 2,9 milhões em relação ao ano passado.

De acordo com o levantamento, 57% dos entrevistados pretendem presentear na data, com destaque para os cônjuges — esposos e esposas lideram o ranking com 58% das intenções, seguidos por namorados(as), com 34%. Por outro lado, entre os que não devem comprar presentes, 51% alegam não ter um parceiro(a), enquanto 12% vão priorizar o pagamento de dívidas e 11% afirmam simplesmente não ter dinheiro. Ainda segundo a pesquisa, a maioria (61%) planeja comprar um único presente, com uma média geral de 1,4 itens por consumidor.

Diante desse cenário de consumo, o planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais, Jeff Patzlaff, alerta para os riscos de desequilíbrio financeiro que costumam acompanhar datas comemorativas. “O Dia dos Namorados é uma das datas mais importantes para o comércio, mas pode se tornar um pesadelo financeiro se não houver planejamento”, afirma. Com uma inflação acumulada de 5,53% nos últimos 12 meses e a taxa básica de juros (Selic) mantida em elevados 14,75% ao ano, o consumo consciente torna-se não só recomendável, mas essencial.

Atualmente, o Brasil contabiliza mais de 76,6 milhões de inadimplentes, segundo o Mapa da Inadimplência da Serasa. E os principais vilões são velhos conhecidos: o uso descontrolado do cartão de crédito e os parcelamentos mal planejados. Por isso, para Patzlaff, a primeira atitude sensata é traçar um orçamento realista. “Definir o quanto você pode gastar sem comprometer contas fixas ou criar dívidas futuras desnecessárias é o ponto de partida. Não deixe que a emoção da data fale mais alto que o seu planejamento”, aconselha.

Mesmo com o orçamento apertado, é possível encantar o par sem gastar muito. Para Patzlaff, criatividade e intenção valem mais do que o valor do presente. “Um jantar feito em casa, uma carta escrita à mão ou uma playlist personalizada podem ser mais significativos do que um presente caro. O importante é alinhar expectativas para evitar decepções e demonstrar carinho de forma autêntica”, diz.

A pressa também é inimiga do bom planejamento. Embora promoções relâmpago possam parecer vantajosas, deixar para comprar o presente na última hora pode resultar em frustrações, atrasos e até golpes — especialmente em compras online. O especialista orienta: “Verifique a reputação da loja, o prazo de entrega e desconfie de promoções que parecem boas demais para ser verdade. Golpistas aproveitam essas datas para aplicar fraudes.”

Outro ponto de atenção é o parcelamento. A tentação de dar um presente mais caro e parcelar em várias vezes pode parecer inofensiva, mas pode prejudicar o orçamento dos próximos meses. “Com os juros altos, cada parcela compromete o futuro financeiro. Se o parcelamento for inevitável, certifique-se que ele caiba no seu planejamento e não tenha juros embutidos. E lembre-se: se não dá para pagar à vista, talvez esse presente não seja para você”, afirma Patzlaff. “Nunca tome decisões olhando apenas o valor da parcela mensal. Isso é armadilha.”

As redes sociais, segundo o especialista, também desempenham um papel perigoso nessa época do ano. A constante comparação com casais que exibem presentes caros ou experiências luxuosas pode gerar frustração e induzir ao consumo por impulso. “É fundamental blindar-se dessa pressão. Um relacionamento saudável não se constrói com base em presentes caros, mas sim com afeto, respeito e diálogo”, pontua.

Para além do romantismo, o Dia dos Namorados pode ser uma excelente oportunidade para conversar sobre dinheiro e alinhar expectativas financeiras no relacionamento. “Falar sobre planos futuros, finanças e até dividir os custos da comemoração fortalece a relação. A falta de diálogo sobre dinheiro é uma das principais causas de separações hoje”, explica Patzlaff. Dados do IBGE de 2025 mostram que 2,8% dos casais se separam por ano, sendo os desentendimentos financeiros a principal causa — superando até mesmo as traições. “O empoderamento feminino e a liberdade financeira têm permitido escolhas que antes eram impensáveis. Cada vez mais, as pessoas optam por sair de relações insustentáveis, inclusive no aspecto financeiro.”

Evitar os erros mais comuns — como gastar sem planejamento, cair no rotativo do cartão ou tentar “compensar” o presente recebido — exige maturidade e consciência. “A chave está no equilíbrio. Gastar com responsabilidade e carinho é possível. Afinal, o verdadeiro presente é construir juntos uma relação saudável, inclusive financeiramente”, conclui Patzlaff.

SHZ AGÊNCIA
Adriane Schultz
(11) 99179-6141
adriane@shzagencia.com.br

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Autor: Jeff Patzlaff
Qualificações: planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais

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Por Jeff Patzlaff

planejador financeiro CFP® e especialista em finanças comportamentais

Artigo de opinião

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