Dor na relação sexual: um problema comum que merece atenção urológica

Entenda as causas urológicas da dispareunia e por que você não precisa conviver com a dor durante o sexo

Dispareunia é mais comum do que se imagina, mas tem solução. Entenda as causas urológicas da dor na relação sexual e como romper o ciclo do silêncio.

Apesar de ainda ser um tabu, muitas mulheres sofrem caladas com dores durante a relação sexual. Algumas acreditam que é “psicológico”, outras acham que é “normal” com o tempo, e há quem simplesmente desista do prazer, conformada com o desconforto. Mas a verdade é: sexo com dor não é normal e nunca foi.

A dispareunia, como é chamada clinicamente, é o termo usado para definir a dor persistente ou recorrente durante a penetração sexual. Esse incômodo pode ser superficial (na entrada da vagina), profundo (durante o ato), ou mesmo após a relação. E embora existam causas ginecológicas, emocionais e até hormonais, as causas urológicas muitas vezes passam despercebidas, o que atrasa o diagnóstico e perpetua o sofrimento.

Do ponto de vista urológico, há diferentes fatores que podem estar por trás da dor na relação. Um dos mais comuns é a infecção urinária de repetição, que causa ardência, sensibilidade local e medo inconsciente de urinar após o sexo. Quando esse ciclo se repete, o corpo aprende a associar prazer a dor, criando um bloqueio físico e emocional.

Outra causa frequente, especialmente após os 40 anos ou em mulheres que já passaram pela menopausa, é a atrofia urogenital, um afinamento e ressecamento da mucosa vaginal e uretral causado pela queda dos níveis hormonais. Isso deixa a região mais sensível, menos lubrificada e propensa a microlesões.

Além disso, doenças pélvicas crônicas, como a cistite intersticial — uma condição inflamatória da bexiga — também podem gerar dor intensa durante e após o ato, junto com urgência urinária, ardência e desconforto prolongado.

Sempre que a dor durante a relação for recorrente, persistente ou interferir na sua vida sexual, relacional ou emocional, é hora de investigar. O urologista pode fazer parte da equipe multidisciplinar que avalia essas dores. Não é apenas ginecológico, não é só psicológico e não é frescura. É saúde.

O diagnóstico correto envolve escuta, empatia e exames clínicos que ajudam a identificar infecções, alterações hormonais, inflamações crônicas, disfunções da bexiga e outros fatores que podem estar afetando a qualidade de vida da mulher.

O tratamento depende da causa, mas pode envolver desde o uso de antibióticos para infecções urinárias mal resolvidas, terapia hormonal local para regenerar a mucosa vaginal, fisioterapia pélvica para reeducação muscular, até medicações para controle de inflamações e dor crônica.

Mais do que tratar sintomas, é fundamental resgatar a segurança, a confiança no próprio corpo e o direito ao prazer. A dor não precisa ser sua companheira. E o primeiro passo é romper o silêncio.

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Por Alexandre Sallum Bull

Médico Urologista, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)

Artigo de opinião

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