Açúcar e Adoçantes: Impactos Reais na Saúde e na Longevidade

Entenda como o consumo consciente de açúcar e adoçantes pode influenciar sua qualidade de vida e bem-estar ao longo dos anos

Vivemos mais, mas será que vivemos melhor? A expectativa de vida dos brasileiros cresceu significativamente nas últimas décadas — em 1940, era de 45,5 anos; hoje, chega a 76,4, segundo o IBGE (dados de 2023). No entanto, esse avanço não tem sido acompanhado por uma melhora proporcional nos indicadores de saúde. De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade publicado este ano, com base nas tendências atuais, o mundo não atingirá as metas de 2025 da Assembleia Mundial da Saúde para prevenção e controle das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), sendo improvável que atinja as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030. As DCNTs resultam da combinação de fatores genéticos, fisiológicos, ambientais e comportamentais. Podemos citar como exemplos a obesidade, o diabetes, as doenças do coração, câncer, entre outras. Atingem a população em todas as faixas etárias e são consideradas como uma das principais causas de mortalidade mundial.

As estratégias não medicamentosas propostas para intervenção incluem manutenção de um hábito alimentar saudável, prática regular de exercício físico, sono de qualidade, controle do estresse, abandono de hábitos de vida nocivos (alcoolismo e tabagismo, por exemplo).

Sendo assim, fica claro que não podemos atribuir a alimentos e bebidas, isoladamente, a responsabilidade sobre a saúde e longevidade, pois, manter um peso saudável com níveis adequados de gordura corporal, massa muscular esquelética, massa óssea e hidratação está diretamente relacionado ao bem-estar e à expectativa de vida. Alimentos, bebidas e suplementos nutricionais compõem um conjunto diário de escolhas nutricionalmente adequados ou não.

O que vai no prato e no copo do brasileiro com regularidade, bem como a quantidade consumida, impactam na quantidade de energia ingerida e no aporte de nutrientes disponibilizados ao organismo, bem como a inadequação na oferta de energia e nutrientes é fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de controlar o consumo de açúcares, sódio e gordura oferece uma referência sobre os limites máximos para cada um destes componentes. Não há proibição, mas sim o controle no consumo. De acordo com o Ministério da Saúde (2018) o brasileiro consome 80g de açúcar por dia, sendo 64% desse total proveniente do adicionado aos alimentos e 36% presente nos alimentos industrializados. É necessário reduzir o consumo de ambos para atingirmos a recomendação da OMS (limitar o consumo para menos de 10% do total de energia diário).

Neste contexto os adoçantes são uma estratégia segura para implementar um programa de redução no consumo de açúcar e, ao mesmo tempo, propiciar o dulçor ao qual o brasileiro está acostumado. Aqui vale uma explicação importante, a ideia não é trocar um pelo outro, mas sim educar o paladar de forma que gradativamente o indivíduo consiga diminuir o apego ao açúcar e eduque o paladar. Muitos atribuem a substituição do açúcar pelo adoçante para redução calórica. Os adoçantes possuem um valor calórico inferior ao açúcar, isto é fato, mas não será esta substituição isolada que impactará no valor calórico da alimentação diária e promoverá redução de peso corporal. O uso de adoçantes como parte de uma orientação nutricional individualizada, visando redução de peso corporal, contribui com a adesão ao planejamento alimentar e é uma estratégia para reduzir a oferta de energia.

Viver mais e com qualidade impõe a necessidade de cuidarmos de nossa saúde, desde a mais tenra idade. Muito mais do que ter um peso saudável, é preciso pensar em ter uma composição corporal saudável. Além disso, ser saudável implica em gerenciarmos nossas escolhas alimentares, sermos ativos no dia a dia, treinarmos com regularidade, dormirmos bem, controlarmos o estresse e destinarmos um tempo para o lazer. Se nos conscientizarmos sobre a importância destas mudanças, daremos diariamente um passo em relação à saúde e à longevidade com qualidade.

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Por Sueli Longo

nutricionista, especialista em Nutrição em Esporte e Exercício Físico, Presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN)

Artigo de opinião

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