Celebridades e a nova era da transparência na estética: autenticidade e autocuidado em foco

Como Anitta, Khloé Kardashian e Drew Barrymore estão redefinindo o conceito de beleza ao compartilhar abertamente suas escolhas estéticas

Nos últimos anos, um novo movimento vem ganhando força entre as celebridades. Muitas delas têm optado por compartilhar publicamente os procedimentos estéticos realizados, seja no consultório dermatológico, seja na sala de cirurgia plástica. Nomes como Anitta, Khloé Kardashian e Drew Barrymore estão abrindo o jogo não apenas sobre o que fazem, mas também sobre os motivos por trás dessas escolhas. O que antes era um segredo bem guardado e alvo de especulações, hoje é divulgado abertamente como sinônimo de autenticidade, autocuidado e honestidade com quem as acompanha.

A cantora Anitta sempre foi franca sobre suas intervenções estéticas. Já falou abertamente sobre preenchimentos, rinoplastia e até correções após procedimentos que não tiveram o resultado desejado. Em entrevistas e nas redes sociais, ela normaliza o uso da estética como ferramenta de bem-estar pessoal, deixando claro que cada mudança foi feita por vontade própria e não por pressão externa, além de se declarar fã de procedimentos e cirurgias plásticas em nome da beleza. A cantora representa uma geração que entende que bem-estar e autoestima caminham juntas e que recorrer a procedimentos estéticos não precisa ser motivo de vergonha, desde que feito com consciência, responsabilidade e acompanhamento profissional.

A influencer americana Khloé Kardashian, de 41 anos, fala abertamente sobre os erros cometidos em procedimentos no rosto, especialmente em relação ao excesso de preenchimentos. Recentemente, revelou que optou por dissolver parte do produto, buscando um visual mais natural e ressaltando a importância do bom senso e da escuta profissional. A atriz americana Drew Barrymore segue outro caminho: ela optou por não realizar cirurgias plásticas e defende o envelhecimento com menos intervenções. Ainda assim, aos 50 anos, já falou sobre o uso de tecnologias não invasivas, cuidados dermatológicos constantes e skincare orientado. Barrymore mostra que a estética também está ligada à prevenção e ao cuidado contínuo, e não apenas a intervenções visíveis.

O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, segundo relatório recente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética. Em 2024, foram realizados mais de 2 milhões de procedimentos cirúrgicos no país, com destaque para a lipoaspiração, o aumento das mamas e aumento dos glúteos. Além disso, o Brasil ocupa a segunda posição mundial em procedimentos estéticos não cirúrgicos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Em 2024, foram feitas mais de 3 milhões de intervenções não cirúrgicas, sendo a toxina botulínica a mais comum, seguida pelo ácido hialurônico e outros tratamentos como laser.

Esse cenário mostra que a busca por procedimentos estéticos, embora ainda muito influenciada pela pressão social, tem se inserido em uma transformação cultural que redefine o conceito de beleza, aproximando-o do bem-estar, da saúde emocional e da autoestima. A popularização de tratamentos reflete cada vez mais uma sociedade que busca equilíbrio entre aparência e autenticidade, em que a escolha por realizar intervenções é vista como uma forma legítima de autocuidado e empoderamento individual. Dessa forma, a transparência das celebridades atua como um catalisador importante para desconstruir tabus e estimular um diálogo mais aberto e realista sobre o tema.

Na dermatologia, esse movimento se traduz na valorização de protocolos personalizados, que respeitam a essência, individualidade e história de cada um. Em vez de transformar, os procedimentos visam realçar características próprias, atenuar sinais do envelhecimento com naturalidade, caso seja o desejo do paciente, com equilíbrio. Além disso, cresce a valorização do acompanhamento profissional que orienta expectativas reais e respeita princípios éticos, afastando exageros e riscos. Essa nova abordagem fortalece a autoestima de forma sustentável, colocando o bem-estar e a segurança no centro das escolhas estéticas.

O corpo e o rosto são territórios pessoais, portanto, a decisão de transformá-los ou não deve partir do próprio indivíduo, respeitando sua vontade, seus valores e seu momento de vida. Quando figuras públicas compartilham suas experiências com sinceridade e maturidade, desempenham um papel fundamental ao informar, acolher e inspirar outras pessoas a fazerem escolhas conscientes e alinhadas ao próprio bem-estar. Isso não deve ser interpretado como pressão para realizar tratamentos ou cirurgias, mas sim como uma contribuição importante para tomada de decisões em uma sociedade que avança na aceitação e no respeito à diversidade das formas de cuidado pessoal.

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Por Dra. Tainah de Almeida

médica dermatologista especialista em rejuvenescimento, graduação em Medicina pela Universidade Católica de Brasília (UCB), Residência Médica em Dermatologia no HRAN – SES/DF, Pós-graduação em Dermatologia Oncológica no Hospital Sírio Libanês, título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Fellowship em Dermatoscopia e Oncologia Cutânea na Skin Cancer Unit do Arcispedale Santa Maria Nuova (Itália), capacitação na unidade de Melanoma e Lesões Pigmentadas do Hospital Clínic da Universidade de Barcelona (Espanha)

Artigo de opinião

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