Entre o Brincar e a Adultização: A Importância da Proteção Integral à Infância

No Dia da Infância, reflexões sobre os desafios contemporâneos que ameaçam o desenvolvimento saudável das crianças e a urgência de preservar o tempo lúdico e o afeto familiar

Celebrar o Dia da Infância, comemorado em 24 de agosto, é um convite à reflexão sobre a importância de garantir os direitos das crianças, assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e também saber que essa responsabilidade cabe a todos: família, Estado e sociedade, sendo, inclusive, fundamental denunciar violações e promover políticas públicas para o bem-estar e desenvolvimento infantil.

Ao valorizar essa data, a sociedade reconhece que uma infância plena é o alicerce de uma comunidade mais empática, saudável e feliz. Esta não é uma fase preparatória para a vida, ela é a vida. É um território sagrado onde se formam vínculos, valores, memórias afetivas e a base emocional de cada ser humano.

O desenvolvimento infantil é feito de afeto, cuidado e tempo de qualidade em um ambiente que valoriza as brincadeiras e favoreça a formação integral da criança. Quando os adultos respeitam o ritmo da criança, participam das brincadeiras e validam suas emoções, ajudam a preservar sua essência, curiosidade e criatividade.

Atualmente, os principais desafios que as crianças enfrentam e que podem afetar o progresso de sua infância são o excesso de telas e de estímulos, a pressa, agenda cheia, a pressão por desempenho e a falta de escuta emocional.

Preservar a pureza da infância envolve evitar a adultização precoce — quando a criança é exposta a papéis, responsabilidades, informações ou comportamentos que não correspondem à sua idade — e a exposição a conteúdos inadequados que estimulam comparações, sexualização e padrões irreais.

A Câmara dos Deputados pode votar, ainda nesta semana, o Projeto de Lei 2628/22 sobre adultização infantil em meio a denúncias, prisões e ameaças ligadas à exploração de menores no ambiente digital. Mesmo que essa lei tenha um papel coletivo de responsabilizar plataformas, estabelecer limites e ajudar a colocar a infância no centro da pauta social, não é suficiente. A proteção essencial vem do envolvimento dos pais e responsáveis. São eles que precisam acompanhar, orientar e estabelecer limites no uso das telas e nas cobranças do dia a dia. A lei oferece apoio, mas a presença afetuosa e a escuta ativa dentro de casa são insubstituíveis.

Talvez esse projeto de lei não fosse necessário se os pais conversassem abertamente com seus filhos sobre os riscos digitais, controlassem o uso de telas e fizessem espaço para que a criança pudesse, de fato, ser criança. Se desde o começo houvesse mais diálogo, acompanhamento e equilíbrio nas rotinas, talvez não estivéssemos nessa situação. Os adultos poderiam ter incentivado brincadeiras, leitura e esportes às crianças, em vez de apenas compromissos e responsabilidades.

Além de celebrar o Dia da Infância, agosto é dedicado à atenção integral à primeira infância. Lembrar da importância de proteger nossas crianças não deve ser restrito a um único dia ou mês, mas sim uma prática constante. Ao oferecermos cuidado, amor e segurança, promovemos um desenvolvimento natural e um aprendizado que perdura para sempre.

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Por Elenice Cóstola

Artigo de opinião

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