Como diagnósticos emocionais estão transformando a retenção de talentos nas empresas brasileiras

Frente à alta rotatividade, plataformas psicológicas oferecem soluções preventivas alinhadas às novas legislações de saúde mental corporativa

O Brasil ocupa a primeira posição no ranking global de rotatividade voluntária entre profissionais. O dado é do Global Talent Trends Report 2023, elaborado pelo LinkedIn em parceria com a PwC, e revela que 56% dos desligamentos no país ocorrem por decisão do próprio colaborador, índice bem acima da média global de 38%. Entre os principais motivos apontados estão o esgotamento emocional, o desalinhamento de valores e a falta de perspectivas de crescimento ou reconhecimento.

Diante desse cenário, empresas brasileiras têm investido em estratégias de gestão emocional como forma de mitigar a perda de talentos. Uma das soluções adotadas é a IntegraMente, plataforma idealizada por Jéssica Palin, psicóloga, advogada e especialista em saúde mental corporativa.

A ferramenta combina testes psicológicos validados, devolutivas individuais e planos de ação personalizados para lideranças e recursos humanos. “Não basta entender o currículo, é preciso compreender o emocional de quem está no time. Quando o gestor tem acesso a dados sobre o funcionamento psicológico do colaborador, pode agir com mais precisão, seja para apoiar, realocar ou engajar”, afirma Palin.

A proposta é atuar de forma preventiva, com foco em quatro frentes: diagnóstico psicológico e comportamental, devolutiva individual para lideranças, plano de ação personalizado por colaborador e mentoria estratégica contínua para RHs. A plataforma oferece painéis com dados estruturados sobre aspectos emocionais, o que permite decisões mais informadas sobre mobilidade interna, feedbacks e desenvolvimento da cultura organizacional.

O impacto da rotatividade, segundo estudo da consultoria Gallup, pode representar um custo de 50% a 200% do salário anual do colaborador desligado, considerando perdas com produtividade, adaptação de novos funcionários e impacto no clima da equipe. A mesma pesquisa indica que profissionais emocionalmente engajados são 59% menos propensos a procurar outro emprego de forma ativa.

A busca por soluções estruturadas também ganhou força com a sanção da Lei 14.831/2024, que institui o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. A nova legislação, atualmente em fase de regulamentação, define critérios para a adoção de políticas voltadas à saúde emocional no ambiente corporativo.

Em paralelo, a Portaria nº 1.419/2024, do Ministério do Trabalho e Emprego, atualiza o item 1.5 da NR-1, tornando obrigatória a identificação e o tratamento dos riscos psicossociais relacionados ao trabalho.

“A rotatividade não se resolve apenas com benefícios ou aumento de salário. É preciso saber o que está por trás da decisão de sair. O emocional mal gerido custa caro para qualquer organização, em dinheiro, clima e reputação”, conclui Palin.

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Por Jéssica Palin Martins

Advogada, psicóloga e especialista em saúde mental no ambiente corporativo; graduada em Direito pela Universidade Paulista (UNIP) e em Psicologia pelo Centro Universitário do Norte Paulista (UNORP); mestre em Direito pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET); especialista em Intervenção Familiar Sistêmica pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP); fundadora da IntegraMente, plataforma de diagnósticos psicológicos e planos de ação para lideranças e RHs.

Artigo de opinião

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