A urgente necessidade de vacinar nossas crianças para proteger a saúde pública

Desinformação e negligência ameaçam avanços conquistados pela vacinação infantil no Brasil

Apesar de o Brasil dispor de vacinas seguras, eficazes e em quantidades suficientes, muitos pais têm deixado de vacinar seus filhos. Essa baixa cobertura vacinal não apenas coloca em risco a saúde individual das crianças, mas também pode provocar impactos graves na saúde pública, facilitando a reintrodução de doenças imunopreveníveis que estavam praticamente erradicadas ou sob controle.

Segundo relatório do Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2024, 229 mil crianças brasileiras não receberam a DTP1, vacina que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Esse dado posiciona o Brasil na 17ª colocação mundial, atrás de países como Mianmar, Costa do Marfim e Camarões. No topo do ranking estão Nigéria, Índia e Sudão.

A principal razão para essa recusa é a disseminação de informações falsas ou enganosas nas redes sociais. A desinformação crescente sobre a segurança dos imunizantes, a interrupção no fornecimento e a falsa sensação de que as doenças não representam mais riscos são fatores que contribuem para esse retrocesso. Além disso, negligência, abandono de doses e falhas na busca ativa pelos imunizantes também colaboram para a baixa cobertura vacinal.

A não imunização expõe as crianças a doenças evitáveis como coqueluche, varicela e pneumonia grave, que podem levar à hospitalização e até à morte. Além disso, a vacinação infantil é obrigatória no Brasil desde 1975. Pais ou responsáveis que descumprem essa norma podem ser enquadrados por negligência ou maus-tratos, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Ministério Público do Paraná informa que a inobservância pode acarretar multas que variam de 3 a 20 salários mínimos, podendo dobrar em caso de reincidência, além de outras sanções, como restrições no exercício do poder familiar e até a configuração de crimes previstos no Código Penal.

Nos últimos 50 anos, as vacinas tiveram papel central na redução da mortalidade infantil, respondendo por 40% da queda global nessa estatística. Desde 1974, os imunizantes evitaram 154 milhões de mortes, sendo 95% delas entre crianças menores de 5 anos. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) garante o fornecimento gratuito das vacinas previstas no calendário infantil, com aumento da cobertura em 15 das 16 vacinas em 2025, indicando disponibilidade adequada.

As vacinas são uma das intervenções em saúde pública mais eficazes e seguras já desenvolvidas, responsáveis pela erradicação ou controle de muitas doenças graves. Elas passam por rigorosos testes clínicos e controles regulatórios antes de serem aprovadas para uso. Além disso, são aplicadas nas Unidades Básicas de Saúde por equipes capacitadas, com infraestrutura adequada para conservação e aplicação.

A disseminação de fake news sobre vacinas pode ser tipificada como crime, conforme reconhecem entidades jurídicas no combate à desinformação. Para aumentar a adesão à vacinação, é fundamental investir em campanhas de esclarecimento, ampliar horários de atendimento, levar vacinas a locais públicos como escolas e transporte coletivo, e resgatar figuras simbólicas como o “Zé Gotinha” para mobilizar a população.

Vacinar nossas crianças é um ato de responsabilidade individual e coletiva, essencial para preservar conquistas em saúde pública e proteger as futuras gerações.

G

Por Greice Nogueira

mestre em Promoção da Saúde e professora no Centro Universitário de Campo Mourão (PR)

Artigo de opinião

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