Moda Genderless: A Revolução da Sofisticação Sem Rótulos no Vestir
Como a moda sem gênero está redefinindo identidade, sustentabilidade e consumo de luxo no Brasil e no mundo
As barreiras de gênero na moda de luxo estão se dissolvendo como seda ao sol. O que antes se dividia rigidamente entre o masculino e o feminino, hoje se abre em uma paleta fluida, onde a identidade é a protagonista e o estilo é a linguagem universal.
O movimento genderless, ou moda sem gênero, deixou de ser um nicho alternativo para ocupar as vitrines mais desejadas do mundo. É mais que tendência: é revolução estética e cultural. Entre os consumidores da Geração Z, a moda tornou-se manifesto, e vestir-se é mais sobre dizer “quem eu sou” do que “o que esperam que eu seja”.
No Brasil, o consumo do luxo é visto como expressão de identidade, liberdade e conquistas financeiras. Cada vez mais, as pessoas buscam peças que ressoem com quem elas são, e não com padrões pré-estabelecidos.
O cenário é de mudanças profundas. O estudo Navigating the Future of Wealth 2024, da Multipolitan, projeta que até 2045, mais de US$ 84 trilhões trocarão de mãos entre Baby Boomers, Millennials e Geração X, redesenhando o mapa do consumo global. No Brasil, a estimativa é de US$ 9 trilhões transferidos até 2040 e boa parte desse capital estará nas mãos de consumidores que valorizam autenticidade, propósito e sustentabilidade.
Ao abrir o closet de um típico jovem da Geração Z, encontramos peças que não carregam etiquetas de masculino ou feminino. O luxo que atrai essa geração é aquele que combina consciência ambiental com liberdade de expressão.
Outro vetor dessa transformação é o peso econômico do Pink Money. A comunidade LGBTQIA+ movimenta cerca de R$ 420 bilhões por ano no Brasil, o que equivale a 10% do PIB nacional. Com renda média 40% maior e gastos 78% superiores no cartão de crédito em relação a consumidores heterossexuais, esse público é um dos mais estratégicos para o mercado de alto padrão.
As maisons internacionais e marcas brasileiras já entenderam: luxo inclusivo é luxo inteligente. A ampliação de coleções genderless não apenas abraça valores de pluralidade, mas também expande o público-alvo e otimiza processos produtivos, reduzindo estoques e ampliando margens.
O Brasil acompanha o ritmo global. O mercado nacional de luxo fechou o ano de 2024 em US$ 4,31 bilhões e deve atingir US$ 6,19 bilhões até 2033. Nesse cenário, a moda sem gênero é mais que inovação, é ponte entre o desejo e a representatividade. Vestir uma grife não é apenas estética. É afirmação, resistência e liberdade. É ocupar espaços que antes nos eram negados, com orgulho e elegância.
Por Ana Borges
Artigo de opinião