ViCop: Como a Inteligência Artificial Pode Revolucionar a Mobilidade de Pessoas com Deficiência Visual

Um aplicativo brasileiro que vai além do GPS, promovendo autonomia e inclusão para milhões de brasileiros com baixa visão

Com mais de 6 milhões de brasileiros enfrentando deficiência visual severa, atravessar a cidade pode ser um desafio diário repleto de riscos invisíveis. Pensando nisso, a especialista em inteligência artificial Adriana Duarte criou o ViCop, um aplicativo que funciona como um copiloto urbano para pessoas com baixa visão. Mais do que um GPS com voz, o app interpreta o ambiente em tempo real, detecta obstáculos, sinaliza rotas seguras e conecta o usuário a pontos de apoio acessíveis.

Adriana, que é deficiente visual desde o nascimento, desenvolve o projeto com escuta ativa e ritmo responsável. Para ela, “autonomia não pode ser um privilégio”. A história por trás do ViCop, e os desafios de criar tecnologia verdadeiramente inclusiva, rende uma pauta urgente, sensível e necessária.

No Brasil, cerca de 19% da população convive com algum grau de deficiência visual, segundo dados recentes do IBGE. Entre eles, mais de 6 milhões enfrentam comprometimento severo da visão, e outros 16,5 milhões não encontram solução nem mesmo com o uso de óculos. Para essas pessoas, deslocar-se pelas cidades é uma tarefa que vai muito além do simples ato de caminhar.

Falta de calçadas acessíveis, ausência de sinalização tátil e a escassez de semáforos sonoros tornam o ambiente urbano um obstáculo constante. “Caminhar em um mundo em silêncio visual significa se deparar diariamente com incertezas que a maioria desconhece”, explica Adriana Duarte, especialista em inteligência artificial aplicada à acessibilidade e deficiente visual.

É justamente a partir dessa experiência que ela criou o ViCop, aplicativo que pretende ampliar a autonomia de quem tem baixa acuidade visual, oferecendo rotas adaptadas, alertas em tempo real e integração com pontos de apoio próximos, como estações e comércios acessíveis.

Mais que um GPS com comando de voz, o ViCop é um copiloto que acompanha o ritmo do usuário e interpreta o ambiente. Ele identifica obstáculos como buracos, degraus e veículos, além de fornecer informações detalhadas sobre o entorno, desde a leitura de placas e fachadas até a indicação de espaços adaptados. “Desenvolvemos o ViCop ‘de dentro para fora’. Quem vive a deficiência sabe o quanto pequenos detalhes fazem diferença. Nossa proposta respeita o tempo e o ritmo de cada pessoa, promovendo uma navegação segura e inclusiva”, diz Adriana.

A tecnologia do ViCop está em fase de desenvolvimento com usuários reais e deve ser lançado, em versão beta, ainda em 2025. Adriana optou por não acelerar o processo com pressa de mercado. O objetivo, segundo ela, é escalar com responsabilidade e escuta ativa. “O uso da inteligência artificial só faz sentido quando serve para incluir. Quando olhamos para acessibilidade como prioridade, a tecnologia deixa de ser um recurso e passa a ser uma ponte para a liberdade”, afirma.

O contexto global confirma essa urgência. Segundo relatório da OMS, menos de 3% dos aplicativos disponíveis em lojas digitais oferecem recursos nativos de acessibilidade. Isso significa que, mesmo na era da tecnologia, pessoas com deficiência ainda são invisibilizadas nas soluções mais básicas de mobilidade.

Com base nos primeiros testes, o ViCop já começa a atrair atenção de instituições públicas e privadas comprometidas com acessibilidade. O app também está alinhado às diretrizes da ONU para Cidades Inteligentes Inclusivas e Sustentáveis, que colocam mobilidade e equidade no centro da inovação.

Para Adriana, mais do que uma solução tecnológica, o ViCop é um manifesto. “A autonomia não pode ser um privilégio. Mobilidade com dignidade é um direito e é isso que a gente está construindo”, conclui.

A

Por Adriana Duarte

Especialista em inteligência artificial aplicada à acessibilidade; autora do livro "Além da Visão: Uma História de Coragem, Fé e Superação"; deficiente visual desde o nascimento; atua no atendimento a públicos vulneráveis e promoção da inclusão; cursa MBA em Inteligência Artificial pela Faculdade Iguaçu; líder do desenvolvimento do aplicativo ViCop.

Artigo de opinião

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