Jejum prolongado e hipertrofia: mitos, riscos e o que realmente funciona para ganhar massa muscular

Nutricionista esclarece por que longos períodos sem alimentação podem prejudicar o ganho de massa magra e destaca a importância da individualização na nutrição e treino

Nos últimos anos, o jejum intermitente virou tendência entre pessoas que buscam emagrecer, “desintoxicar” o corpo ou até ganhar massa muscular. Mas afinal, passar muitas horas sem se alimentar realmente ajuda na hipertrofia? A resposta exige mais cautela do que promessas de resultados rápidos.

Embora o jejum possa ter algumas aplicações clínicas e controladas, ele não é a estratégia mais indicada para quem busca aumentar a massa magra, especialmente sem acompanhamento profissional. Ganhar músculos exige estímulo frequente com treino e oferta adequada de proteínas e energia ao longo do dia. Fazer longos períodos de jejum pode comprometer justamente essa oferta de nutrientes essenciais para a recuperação e crescimento muscular.

Durante o jejum prolongado, o corpo tende a usar reservas de energia, como o glicogênio muscular, e pode recorrer até à quebra de tecido muscular em casos extremos. Sem planejamento, a pessoa corre o risco de entrar em catabolismo, o que é o oposto do ganho de massa.

Além disso, estudos apontam que jejuar por muitas horas seguidas, especialmente sem treino adequado ou dieta ajustada, pode comprometer o desempenho físico, causar fadiga, irritabilidade e até alterações hormonais. A prática pode ser ainda mais prejudicial para pessoas com metabolismo acelerado, adolescentes em fase de crescimento, mulheres com distúrbios menstruais e indivíduos com histórico de transtornos alimentares.

Isso não significa, no entanto, que o jejum deva ser descartado por completo. Quando bem orientado, o jejum pode trazer benefícios para determinados perfis metabólicos, como no controle da resistência à insulina ou em estratégias para reduzir percentual de gordura. O segredo está na individualização. O que funciona para um corpo pode não funcionar para outro. Nutrição e treino precisam andar juntos, com metas claras e seguras. O ideal é nunca seguir dietas da moda sem orientação.

Por fim, para quem busca hipertrofia muscular, o mais recomendado é apostar em uma alimentação balanceada, fracionada ao longo do dia, com ingestão adequada de calorias, proteínas e micronutrientes, além, claro, de treinos de força bem estruturados e descanso de qualidade.

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Por Camila Junqueira

Nutricionista, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Anhanguera

Artigo de opinião

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