Inteligência Artificial aumenta em 22% a precisão no diagnóstico do câncer de mama HER2-baixo

Estudo internacional apresentado na ASCO 2025 destaca avanço que amplia o acesso a terapias-alvo para pacientes brasileiras

Um estudo internacional apresentado no Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) 2025 revelou que a inteligência artificial (IA) pode melhorar em 22% a precisão no diagnóstico do câncer de mama HER2-baixo e HER2-ultrabaixo. A pesquisa, que contou com a participação de 105 patologistas de 10 países da Ásia e América do Sul, incluindo o Brasil, demonstra um avanço significativo na identificação desses subtipos tumorais, que representam a maioria dos casos classificados anteriormente como HER2-negativos.

Segundo dados da assessoria de imprensa da Oncoclínicas, até 65% dos tumores antes rotulados como HER2-negativos apresentam algum nível de expressão da proteína HER2, enquadrando-se nos grupos HER2-baixo ou HER2-ultrabaixo. Essa distinção é crucial, pois amplia o acesso das pacientes a terapias-alvo inovadoras, como os conjugados anticorpo-droga (ADCs), que têm se mostrado eficazes no tratamento desses casos.

A autora principal do estudo, a médica patologista Marina De Brot, do A.C. Camargo Cancer Center, ressalta que a IA ajuda a fechar uma lacuna diagnóstica crítica, reduzindo erros de classificação que podem privar pacientes de tratamentos mais precisos. “Nosso trabalho é a primeira evidência multinacional que comprova como a inteligência artificial pode apoiar patologistas na identificação correta desses tumores, abrindo portas para novas opções terapêuticas”, afirma.

O desafio técnico para os especialistas está na detecção microscópica dos níveis baixos de HER2, que apresenta discordância em cerca de um terço dos casos mesmo entre profissionais experientes. Com a ajuda da plataforma digital ComPath Academy, assistida por IA, os patologistas avaliaram 20 casos digitais, alcançando resultados expressivos: a sensibilidade do diagnóstico subiu de 76% para 90%, a concordância com os scores de referência aumentou cerca de 13%, e a precisão geral na categorização passou de 66,7% para 88,5%. Além disso, a IA reduziu em mais de 25% os casos de HER2-ultrabaixo incorretamente classificados como HER2-nulos.

Para o oncologista Daniel Gimenes, da Oncoclínicas, esse avanço representa uma importante oportunidade para a medicina de precisão no Brasil. “Estamos falando de mais de 65% dos casos de câncer de mama que podem se beneficiar dessa tecnologia, garantindo que mais mulheres tenham acesso a tratamentos direcionados que antes não estavam disponíveis para elas”, explica. Ele destaca que a IA não substitui o trabalho do patologista, mas potencializa sua capacidade diagnóstica, especialmente diante das limitações da análise visual tradicional.

O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil, com estimativa de mais de 73 mil novos casos anuais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A implementação dessa tecnologia pode acelerar o acesso a terapias personalizadas, melhorando o prognóstico das pacientes.

Os próximos passos incluem estudos multicêntricos para incorporar a ferramenta de IA na rotina clínica e avaliar seus impactos no tratamento e no tempo para início da terapia. “A inteligência artificial veio para tornar a oncologia mais precisa e eficiente, beneficiando diretamente as pacientes brasileiras com diagnósticos mais acurados e tratamentos personalizados”, conclui Gimenes.

Este conteúdo foi elaborado com base em informações oficiais da assessoria de imprensa da Oncoclínicas e dados apresentados no Congresso ASCO 2025.

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